O coach Paulo Vieira, de 56 anos, é evangélico, bolsonarista e antipetista. Apesar de pouco conhecido na TV, cativou as filhas de Silvio Santos a ponto de ser chamado para trabalhar no SBT. Ele já vendeu mais de 10 milhões de livros e se autodefine como “multimilionário”.
No YouTube, encontram-se vídeos de palestras suas na Igreja Batista da Lagoinha, do pastor André Valadão. Ele também tem vídeos com o coach Pablo Marçal, que é alvo de uma ação da Polícia Federal para investigar supostos crimes eleitorais e lavagem de dinheiro.
Daniela Abravanel Beyruti, vice-presidente do SBT, conheceu Vieira na academia do condomínio em que ambos vivem, em Alphaville, na Grande São Paulo. Ela gostou tanto de seu método de controle de inteligência emocional que o levou para o SBT.
A filha de Silvio Santos contratou a Febracis, empresa de Paulo Vieira, para uma parceria com “vários treinamentos pessoais e profissionais”. Desde então, comerciais do coach têm sido exibidos pelo SBT.
Ao site Notícias da TV, Daniela admitiu que algumas pessoas que participaram do encontro com Paulo Vieira não gostaram da iniciativa e que a mistura de fé, família, reprogramação de crenças pessoais e dinâmicas de grupo, nas quais era pedido que se abrissem para desconhecidos, incomodou profissionais que esperavam um evento mais corporativo. Alguns participantes ainda chegaram a identificar traços machistas no coach.
“Ele é uma mistura de pastor evangélico com psicoterapeuta. Eu me senti num culto da Igreja Universal, daqueles que passam na TV. Ele fala o tempo todo em prosperidade, em ‘acredite, tenha fé’. No fundo, o que ele faz é uma grande pregação”, contou uma fonte que participou do treinamento no SBT ao site.
A empresa do coach é alvo de uma investigação no Ministério Público do Ceará que apura uma denúncia de um treinamento interno de recrutadores de novos funcionários, realizado em Fortaleza. Na ocasião, a Febracis teria apresentado um slide em que afirmava que “não contratamos petistas, comunistas ou pessoas que façam parte de religiões como candomblé”.
A denúncia foi feita em outubro de 2022 por uma funcionária que diz ter sido demitida por não ter declarado voto em Jair Bolsonaro nas eleições do ano passado. A denúncia também chegou à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e ao Ministério Público do Trabalho.
A investigação de crimes por discriminação política e religiosa começou em abril deste ano e segue em sigilo de Justiça, conforme o Ministério Público.