Campos Neto vira alvo de investigação do TCU após falar sobre terceirização no Banco Central

Atualizado em 24 de julho de 2023 às 22:37
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Foto: Pedro França

O Tribunal de Contas da União (TCU) iniciou uma investigação contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em resposta a declarações recentes feitas por ele sobre a possibilidade de terceirizar a gestão de ativos da instituição financeira. O subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado solicitou a abertura da investigação, argumentando que essa pretensão de Campos Neto representa um risco para a capacidade do país em honrar seus compromissos financeiros.

Segundo o Uol, Furtado destacou que é necessário “apurar os indícios de irregularidades noticiados a despeito do interesse do atual presidente do Banco Central em terceirizar a gestão de ativos do BC, especialmente com relação à administração das reservas internacionais do Brasil”.

Ele enfatizou ainda que a gestão dessas reservas é uma “atividade tipicamente estatal”, o que impede a interferência do setor privado nessa área e coloca em risco a “soberania” do país.

“Diante de todos os riscos, no meu entender, é inadmissível terceirizar a gestão de ativos do BC, especialmente com relação à administração das reservas internacionais do Brasil. A referida possibilidade reclama, pois, a obrigatória e pronta atuação do TCU, de forma a se determinar a detida e minuciosa apuração dos fatos”.

As reservas internacionais funcionam como uma poupança para o Brasil, utilizada em momentos de crise financeira. Atualmente, essas reservas somam US$ 345,8 bilhões, conforme informado pelo Banco Central.

O ministro Benjamin Zymler foi designado para relatar o caso no TCU. Até o momento, o Banco Central optou por não se manifestar sobre o assunto.

As declarações de Campos Neto que motivaram a investigação foram feitas durante uma entrevista concedida ao canal Black Rock Brasil, na última quinta-feira (20). O presidente do Banco Central afirmou que ele está aberto “a essa terceirização, vamos dizer assim, à gestão externa. A gente teve um programa grande de gestão terceirizada. Hoje, grande parte da gestão é terceirizada, mas a gente está aberta a fazer a gestão terceirizada porque a gente está olhando novas classes de ativos”.

A investigação conduzida pelo TCU visa esclarecer as questões levantadas pelas declarações do presidente do Banco Central e determinar se há alguma irregularidade ou risco associado à terceirização da gestão de ativos da instituição financeira.

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