Em encontro com Putin, Dilma critica uso do dólar em transações e nega empréstimos à Rússia

Atualizado em 26 de julho de 2023 às 15:01
Russian President Vladimir Putin meets with Dilma Rousseff, Chair of the New Development Bank, in Strel'na, outside Saint Petersburg, on July 26, 2023, ahead of the second Russia-Africa summit. (Photo by Alexey DANICHEV / SPUTNIK / AFP)
Dilma Rousseff, presidente do banco dos Brics, e o presidente russo, Vladimir Putin. Foto: Alexey Danichev/Sputnik/AFP

A ex-presidenta do Brasil e atual chefe do banco dos Brics, Dilma Rousseff (PT), criticou a hegemonia do dólar nas transações internacionais, nesta quarta-feira (26), durante reunião com o presidente russo Valdimir Putin, em São Petersburgo, na Rússia.

Ela defendeu o uso de moedas locais, como o yuan chinês, em trocas entre o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, cujas iniciais formam o acrônimo Brics.

Antes do encontro, porém, Dilma rejeitou as especulações de que o banco dos Brics pudesse fazer novos empréstimos à Rússia, em razão das sanções internacionais aplicadas pelo Ocidente por causa da guerra na Ucrânia.

“O NDB [Novo Banco de Desenvolvimento, na sigla inglesa do órgão] reiterou que não está considerando novos projetos na Rússia e que opera em conformidade com as restrições aplicáveis nos mercados internacionais”, escreveu em seu perfil no Twitter.

O discurso contrário ao dólar ocorreu após a reunião entre os líderes. Putin criticou mais abertamente o uso do dólar como moeda internacional, mas não entrou em detalhes sobre a conversa com a brasileira.

“Sabemos que há dúvidas sobre a liquidez do banco, que há algumas ideias de seu pessoal sobre isso, e vamos apoiá-los”, afirmou Putin sobre o NDB e a preocupação do mercado. “As relações dos países do Brics estão se desenvolvendo em moedas nacionais, parece-me que o banco pode desempenhar um papel significativo”, afirmou.

Dilma lembrou que o NDB tem como meta de 2022 a 2026 fazer 30% de suas captações em moedas locais. “Não há justificativa para que países em desenvolvimento não possam estabelecer trocas em moedas locais”, disse.

Ela ainda elogiou a Rússia como “grande parceira no Brics e no NDB” e saudou a cúpula entre Rússia e países africanos que começa oficialmente nesta quinta-feira (27), da qual ela participará. “É muito importante para todos que têm compromisso com o desenvolvimento do Sul Global”, afirmou, usando o termo mais recente para os chamados países emergentes.

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