A ex-presidenta do Brasil e atual chefe do banco dos Brics, Dilma Rousseff (PT), criticou a hegemonia do dólar nas transações internacionais, nesta quarta-feira (26), durante reunião com o presidente russo Valdimir Putin, em São Petersburgo, na Rússia.
Ela defendeu o uso de moedas locais, como o yuan chinês, em trocas entre o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, cujas iniciais formam o acrônimo Brics.
Antes do encontro, porém, Dilma rejeitou as especulações de que o banco dos Brics pudesse fazer novos empréstimos à Rússia, em razão das sanções internacionais aplicadas pelo Ocidente por causa da guerra na Ucrânia.
“O NDB [Novo Banco de Desenvolvimento, na sigla inglesa do órgão] reiterou que não está considerando novos projetos na Rússia e que opera em conformidade com as restrições aplicáveis nos mercados internacionais”, escreveu em seu perfil no Twitter.
Nota sobre a visita de Dilma à Rússia. pic.twitter.com/xVji0ctMnF
— Dilma Rousseff (@dilmabr) July 26, 2023
O discurso contrário ao dólar ocorreu após a reunião entre os líderes. Putin criticou mais abertamente o uso do dólar como moeda internacional, mas não entrou em detalhes sobre a conversa com a brasileira.
“Sabemos que há dúvidas sobre a liquidez do banco, que há algumas ideias de seu pessoal sobre isso, e vamos apoiá-los”, afirmou Putin sobre o NDB e a preocupação do mercado. “As relações dos países do Brics estão se desenvolvendo em moedas nacionais, parece-me que o banco pode desempenhar um papel significativo”, afirmou.
Dilma lembrou que o NDB tem como meta de 2022 a 2026 fazer 30% de suas captações em moedas locais. “Não há justificativa para que países em desenvolvimento não possam estabelecer trocas em moedas locais”, disse.
Ela ainda elogiou a Rússia como “grande parceira no Brics e no NDB” e saudou a cúpula entre Rússia e países africanos que começa oficialmente nesta quinta-feira (27), da qual ela participará. “É muito importante para todos que têm compromisso com o desenvolvimento do Sul Global”, afirmou, usando o termo mais recente para os chamados países emergentes.