Os números de indígenas assassinados no Brasil durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) chegaram a 795. A média de casos registrados foi de 373,8 ocorrências de violência contra esta população por ano.
Os dados são do relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), divulgado nesta quarta-feira (26).
O número representa um aumento significativo se comparado com os governos de Michel Temer e Dilma Rousseff, quando a média foi de 242,5 casos anuais.
Em 2022, cerca de 180 indígenas foram mortos. De acordo com o relatório, a maior parte dos casos de homicídio contra esta população ocorreu em Roraima (41), Mato Grosso do Sul (38) e Amazonas (30).
A categoria “violência contra pessoa”, segundo metodologia adotada no levantamento, inclui assassinatos, abuso de poder, ameaça de morte, ameaças várias, homicídio culposo, lesões corporais dolosas, racismo e discriminação étnico-cultural, tentativa de assassinato e violência sexual.
Segundo o Cimi, os números registrados nos últimos quatro anos demonstram que o governo Bolsonaro atuou para proteger agressores e criar um ambiente de impunidade.
“O crime organizado dentro dos territórios indígenas passou a ter no Estado um aliado fundamental, que lhe assegurou um ambiente de impunidade e uma expectativa especulativa de regulamentação da atividade ilegal. O avanço da violência e o aumento de sua crueldade, de forma sistemática, eram parte do projeto em curso”, analisam os pesquisadores Corrado Dalmonego e Luis Ventura.
Os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips também marcaram 2022. Em junho do ano passado, os dois tiveram os corpos esquartejados e queimados no Vale do Javari, na Amazônia.
A categoria que mais apresentou aumento de casos no ano passado, segundo a metodologia do relatório, foi “violência contra patrimônio”. Foram 158 registros de conflitos ligados a direitos territoriais e 309 casos de invasões, exploração ilegal de recursos e danos ao patrimônio.
Na categoria “violência contra a pessoa”, foram contabilizados 416 registros em 2022. Eles incluem abuso de poder (29); ameaça de morte (27); ameaças várias (60); assassinatos (180); homicídio culposo (17); lesões corporais dolosas (17); racismo e discriminação étnico-cultural (38); tentativa de assassinato (28); e violência sexual (20).