O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu R$ 17,2 milhões em transações via Pix neste ano, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A informação foi divulgada nesta quinta-feira (27) pela Folha de S.Paulo.
De acordo com o relatório, Bolsonaro recebeu mais de 769 mil transações entre os dias 1º de janeiro e 4 de julho, que totalizaram R$ 17.196.005,80. Ao todo, o ex-presidente movimentou no período quase R$ 18,5 milhões.
O órgão aponta que as movimentações “atípicas” podem ter relação com a campanha de doações organizada em junho por apoiadores do ex-mandatário. O montante seria usado para pagar multas.
“No período chamou a atenção o montante de PIXs recebidos em situação atípica e incompatível. Esses lançamentos provavelmente possuem relação com a notícia divulgada na mídia”, diz um trecho do relatório.
Em 29 de junho, Bolsonaro afirmou que já tinha recebido o suficiente para pagar todas as multas que recebeu em processos judiciais e eventuais novas punições. O ex-chefe do Executivo, no entanto, não revelou o total obtido por meio da “vaquinha”.
“Foi algo espontâneo por parte da população. O Pix nasceu no nosso governo. Já foi arrecadado o suficiente para pagar as atuais multas e a expectativa de outras multas. O valor a gente vai mostrar brevemente. Agradeço a contribuição, mesmo sem ser a pedido. A massa contribuiu entre R$ 2 e R$ 22”, disse.
O início do desenvolvimento do Pix, porém, ocorreu ainda durante o governo de Michel Temer (MDB), quando Ilan Goldfajn era presidente do Banco Central.
O relatório do Coaf ainda traz o montante total transferido via Pix e um detalhamento de diferentes depósitos realizados pela ferramenta ou por transferência convencional. O detalhamento só informa depósitos a partir de R$ 5 mil e não é possível saber se eles foram feitos via Pix ou transferência.
Além do PL, que transferiu R$ 47,8 mil a Bolsonaro em dois lançamentos, outros 18 nomes pagaram de R$ 5 mil a R$ 20 mil ao ex-presidente, segundo o Coaf. A lista inclui empresários, advogados, pecuarista, militar, agricultor, estudante e duas pessoas identificadas pelo Coaf como “do lar”.
Há ainda três empresas. Só uma delas depositou R$ 9.647 na conta do ex-mandatário em 62 lançamentos. O relatório não especifica se os depósitos foram feitos dentro da campanha movida por apoiadores de Bolsonaro.