Covid: Governo Bolsonaro escondeu relatórios sobre aumento de casos e mortes na pandemia

Atualizado em 28 de julho de 2023 às 8:18
Ex-presidente Jair Bolsonaro. (Foto: Reprodução)

O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) escondeu mais de mil relatórios e projeções sobre o aumento nos casos de covid-19 durante a pandemia. As informações são da Folha de S.Paulo.

Mantidos em sigilo durante a gestão passada, os documentos foram produzidos ao menos de março de 2020 a julho de 2021. O material tem folhas com carimbos da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), GSI (Gabinete de Segurança Institucional) ou sem identificação de autor.

A “omissão” de Bolsonaro exibe a total negligência e descaso do ex-presidente com a pandemia. Nos documentos ignorados por ele, os agentes da Abin e do GSI citavam o distanciamento social e a vacinação como formas efetivas de controlar a doença, além de estudos que desaconselhavam o uso da cloroquina e alertavam sobre a possibilidade de colapso da rede de saúde e funerária no Brasil.

Bolsonaro incentivando o uso da cloroquina. (Foto: Reprodução)

A maior parte dos relatórios projetava três cenários de avanço de casos e mortes pela covid no Brasil, do mais grave ao menos preocupante, para cerca de duas semanas seguintes.

Bolsonaro apenas ignorava os pareceres técnicos dos agentes da Saúde. Isso ficou evidente em frases e no comportamento do ex-capitão durante a pandemia, ao promover aglomerações e desdenhar das recomendações para evitar a propagação do vírus.

Em março de 2020, ele chegou a dizer que a doença “é muito mais fantasia”: “não é isso tudo que a grande mídia propaga”. Em fevereiro do ano seguinte, foi a vez do ex-chefe de estado brasileiro afirmar que ainda havia “idiotas que até hoje ficam em casa”. No mês seguinte, quando o Brasil chegou a marca de 320 mil mortos, o mandatário pediu o fim das “frescuras” e do “mimimi” sobre a doença.

De forma geral, as estimativas feitas pela Abin se aproximaram dos dados efetivamente registrados. Em alguns casos, a alta da pandemia superou as expectativas dos agentes de inteligência.

Um documento do setor de inteligência do governo, de 2 de fevereiro de 2021, apontou que ainda não havia informações suficientes para concluir se a variante P.1 da Covid-19 era mais ou menos agressiva. “No entanto, por apresentar maior transmissibilidade, a nova variante aumenta o risco de colapso do sistema de saúde, levando a maior número de óbitos relacionados”, disse o documento.

O mesmo papel cita a vacinação como medida efetiva contra a Covid. “Em um cenário de descontrole da pandemia no país, maior seria a chance de o vírus sofrer mutações em série e, consequentemente, afetar a eficácia das vacinas desenvolvidas”, afirmou o relatório que leva carimbo do GSI.

Mais tarde, em 11 de fevereiro, Bolsonaro disse que “o cara que entra na pilha da vacina, só a vacina, é um idiota útil. Nós devemos ter várias opções”. Durante a gestão de Bolsonaro, o Brasil chegou a registar mais de 341.097 mortos, conforme dados do consórcio de veículos de imprensa.

Mesmo que já esteja fora da Presidência, Bolsonaro ainda é pressionado por apurações sobre a covid. O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), anulou neste mês uma decisão da Justiça Federal que havia arquivado parte de uma investigação sobre irregularidades cometidas pelo ex-presidente na pandemia.

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