O mesmo espírito de porco que levou um pessoal a mandar Dilma tomar no cu na Copa do Mundo tomou conta da gente que xingou Guido Mantega no hospital Albert Einstein.
Você deve ter assistido o vídeo. Mantega estava chegando à lanchonete quando boçais começaram a gritar.
— Vai pro SUS!
— Vai pra Cuba!
— Filho da puta!
Esse povo está com ódio e o ódio é um combustível poderoso. É impressionante a falta mínima de civilidade, especialmente naquele ambiente. O desrespeito não é apenas com Mantega, mas com pacientes, médicos e funcionários.
Não que faça diferença, mas e se ele estivesse doente? E se fosse a senhora dele? (O ex-ministro divulgou mais tarde uma nota dizendo que estava indo visitar alguém com a mulher e que foram “manifestações isoladas”.)
O Einstein liberou um comunicado absolutamente protocolar, declarando que “recebe igualmente a todos”, seja lá o que isso quer dizer.
O presidente da instituição, Claudio Lottenberg, sumiu. Não achou que deveria mostrar a cara e pedir desculpas não apenas a Mantega, mas a quem testemunhou a cena deprimente.
O que falta acontecer?
E se o seu filho for, digamos, delatado como petista na sala de emergência? Será maltratado? Expulso pelo segurança?
Os cidadãos que estavam naquele lugar e naquela hora são os que, provavelmente, reclamam da corrupção e da ditadura bolivariana.
Eles — e a instituição onde se encontravam — não honram o exemplo do gênio que dá o nome ao hospital. “As leis sozinhas não garantem a liberdade de expressão; para que todo homem possa mostrar sua visão sem ser penalizado, é preciso haver espírito da tolerância em toda a população”, disse Albert Einstein, cujo busto está na recepção.
“A tolerância é a apreciação afável de qualidades, posições e ações de outros indivíduos que são estranhas aos hábitos, credos e gostos de outrem. Portanto, ser tolerante não significa ser indiferente com relação às atitudes e sentimentos alheios. Compreensão e empatia também devem estar presentes”.