A alternativa ao neoliberalismo e ao fascismo. Por Luiz Carlos Bresser-Pereira

Atualizado em 16 de setembro de 2018 às 14:32
Economista Bresser-Pereira em entrevista ao DCM na TVT. Foto: Reprodução/YouTube

Publicado originalmente na fanpage de Facebook do autor

POR LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA, economista

No próximo dia 8 de outubro, dois candidatos de centro-esquerda, Ciro Gomes e Fernando Haddad, disputarão, com boa chance de vitória, um lugar no segundo turno das eleições presidenciais. Eles enfrentam um candidato de extrema direita, e um candidato que até há pouco poderia ser considerado de centro-direita, Geraldo Alckmin, que, empurrado por seu partido e pelas elites econômicas que o cercam, fez uma opção mortal: a opção pelo neoliberalismo ou fundamentalismo de mercado e, portanto, pela subordinação às elites financeiro-rentistas internacionais.

O que significa ser hoje de esquerda? Em primeiro lugar, significa ser crítico: ser crítico das desigualdades econômicas, das desigualdades sociais e das desigualdades políticas. Em outas palavras, significa estar disposto a arriscar a ordem em nome da justiça.

Em segundo lugar, significa ser tolerante em relação aos adversários políticos à direita e à esquerda. Em suma, significa ser democrático, para o que não basta defender o conceito mínimo ou procedimental de democracia – o regime político que garante os direitos civis e o sufrágio universal. É necessário, como afirma Boaventura de Sousa Santos em seu último livro, A Difícil Democracia, lutar para transformar as relações desigualdades de poder em relações de autoridade partilhada. É necessário que a crítica às desigualdades seja ampla, envolvendo o reconhecimento e o respeito às diferenças de classe, de raça, de etnia, de gênero e de opção sexual.

Terceiro, ser de esquerda significa ter um projeto viável de desenvolvimento econômico – um projeto desenvolvimentista envolvendo uma moderada intervenção do Estado na economia e o equilíbrio das contas públicas – porque além de inviável e é inútil distribuir se não há produção a ser distribuída. Sem forte apoio não apenas nas classes populares mas também nas classes médias, que apenas o desenvolvimento econômico pode assegurar, é impossível governar bem uma sociedade capitalista.

Há espaço para uma esquerda assim definida no Brasil? Mais especificamente para uma centro-esquerda moderada e competente, capaz de realizar o bom governo? O segundo governo Vargas, nos anos 1950, e os dois governos Lula, nos anos 2000, mostraram que esse espaço existe. As candidaturas de Ciro Gomes e Fernando Haddad visam ocupá-lo, tendo, para isto, formulado planos de governo equilibrados. Elas são a alternativa ao neoliberalismo e ao fascismo que apenas agravarão a crise brasileira.