A arapuca diante de Bolsonaro e Osmar Terra. Por Moisés Mendes

Atualizado em 13 de abril de 2020 às 17:43
Jair Bolsonaro e Osmar Terra. Foto: Wikimedia Commons

Publicado originalmente no blog do autor

Bolsonaro foi posto na entrada da arapuca com uma informação de Luiz Henrique Mandetta, uma só. Ao dizer ontem no Fantástico que o pico da pandemia, com dias terríveis, será entre maio e junho, Mandetta pôs o sujeito a pensar.

Bolsonaro é incapaz de lidar com informações mais complexas, mas esse é um desafio primário. O que Mandetta disse é basicamente isso: se eu for mandado embora agora, o meu substituto pegará o rojão logo adiante.

Se Bolsonaro trocar Mandetta, ficará com a pior conta da pandemia. Quando o coronavírus estiver matando aqui como matou em outros países, em maio e junho, Mandetta estará longe do problema.

E o seu sucessor e Bolsonaro podem ser acusados de não ter conseguido lidar com a peste.

Imaginem a cena da entrevista coletiva com Osmar Terra explicando por que errou todas as previsões e por que a pandemia estourou bem na hora em que ele assumiu.

Bolsonaro pode até mandar o inimigo embora. Mas não ganha muito com isso. Dá uma resposta aos que o consideram frouxo. Mostra aos militares que ele ainda manda e põe no Ministério da Saúde alguém que possa manobrar.

Não há muitas vantagens nessa troca, nas atuais circunstâncias. Mandetta tem Bolsonaro sob controle.

O certo é esperar pelo fim do pico da pandemia, fazer a troca e torcer para que não aconteça a segunda onda. É complicada a situação de Bolsonaro.