Schoppenhauer é um niilista brilhante. Foi fortemente influenciado pelo budismo e sua visão de que a vida é sofrimento, sofrimento e ainda sofrimento. O pensamento oriental o marcou tanto que ele deu a seu poodle o nome de Atma – alma, em sânscrito. Sua frase clássica é uma que diz: “A pior coisa que pode acontecer a alguém é nascer”.
Fora filosofar, Schoppenhauer foi, também, cultor do estilo. Escreveu um livro chamado A Arte de Escrever, lançado no Brasil pela LPM. Selecionei alguns tópicos. Qualquer pessoas que escreva – ainda que apenas emails – ganha lendo.
1) Usar muitas palavras para comunicar poucos pensamentos é o sinal incondundível da mediocridade. O homem inteligente resume, ao contrário, muitos pensamentos em poucas palavras.
2) Um bom cozinheiro pode dar gosto até a uma sola de sapato. Da mesma forma, um bom escritor pode tornar interessante o assunto mais árido.
3) Existem três classes de autores. Primeiro, aqueles que escrevem sem pensar. Escrevem a partir da memória, de reminiscências, ou diretamente a partir de livros alheios. Essa classe é a mais numerosa. Em segundo lugar, há os que pensam para escrever. Eles pensam justamente para escrever. São numerosos. Em terceiro lugar, há os que pensaram antes de se pôr a escrever. Escrevem exatamente porque pensaram. Estes são raros.
4) Não há nenhum erro maior do que imaginar que a última palavra usada é a melhor, que algo escrito mais recentemente constitui um aprimoramento do que foi escrito antes, que toda mudança é um progresso.
5) Não há nada mais fácil do que escrever de maneira que ninguém entenda. Em compensação, nada é tão difícil quanto expressar pensamentos significativos de modo que todos os compreendam.
6) Palavras ordinárias podem ser usadas para dizer coisas extraordinárias.
7) A mente trivial é reconhecida pelo seu estilo afetado.
8) Como alguém que de tanto cavalgar desaprende de andar, alguns eruditos de tanto ler livros se tornam burros.