Qual é o grau máximo de desmoralização de um jornalista?
Bem, há vários sinais.
Um deles é quando colocam seu nome, e o de sua revista, num cartaz que promove um filme.
Não da forma convencional, é claro, em que os produtores apanham elogios na mídia para convencer o público a ver o filme.
Mas o oposto: selecionam uma paulada de determinado jornalista e a utilizam para atrair bilheteria. Assim, mais ou menos: “Não vejam este filme!”
Bem, foi o que aconteceu com Reinaldo Azevedo. Os promotores de Aquarius extraíram uma frase de Azevedo em que ele vergastava o filme e a puseram no cartaz promocional.
É um fato inédito na história da publicidade do cinema nacional, e uma demonstração de quanto Azevedo e a Veja são desprezados por todos aqueles que não são conservadores extremados.
Azevedo chegou àquele ponto em que apupos seus são considerados aplausos pela imensa maioria das pessoas. Como complemento, ninguém quer ser elogiado por Azevedo.
Ele foi um dos precursores do jornalismo de guerra das grandes corporações jornalísticas contra o PT.
Era um jornalista medíocre. Jamais se destacara em nenhuma redação. Num certo momento, editou uma revista de um dos homens fortes do PSDB, Luís Carlos Mendonça de Barros.
A revista não foi adiante nem quando o amigo Geraldo Alckmin a encheu de anúncios que não faziam sentido numa publicação que ninguém lia.
A eleição de Lula mudou a vida de Azevedo. As empresas jornalísticas começaram a recrutar fâmulos, gente que era paga, e bem paga, para a operação de extermínio de Lula, PT e, depois, Dilma.
A Veja de Roberto Civita foi pioneira neste processo. Dois jornalistas fâmulos logo mostraram uma sede excepcional para cumprir os desígnios de RC: Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi, um no site da revista e o outro na edição impressa.
Nenhum deles tinha qualificações para trabalhar na Veja na época de ouro da revista, nos anos 1970 sob Mino e na década seguinte com a dupla Guzzo-Gaspari. (Esta foi minha escola, a de Guzzo-Gaspari, quando eu iniciava a carreira.)
A pequenez de ambos deixou de ser problema, para receberem holofotes na Veja, quando o principal atributo valorizado por Roberto Civita, e logo depois pelos demais barões, era destruir Lula e o PT.
Mas qualquer coisa, ao se tornar extremamente repetitiva, perde a eficácia.
Azevedo e Mainardi, este agora no site da Epicurus O Antagonista, provocam muito mais galhofa do que outra coisa quando investem contra alguma coisa.
Foi o que o cartaz do filme Aquarius provou de uma forma tão contudente, tão divertida e tão inovadora