A bolsonarista Cíntia Chagas, que apanhou do marido, cavou a própria cova. Por Nathalí

Atualizado em 10 de outubro de 2024 às 12:58
A influencer bolsonarista e antifeminista Cíntia Chagas – Foto: Reprodução

A influencer Cíntia Chagas, bolsonarista e antifeminista, foi agredida pelo marido, o deputado estadual e também bolsonarista Lucas Bove, apenas três meses após o casamento.

As denúncias de ameaça, abuso psicológico e violência doméstica puseram fim ao casamento relâmpago e ensejaram o pedido de medida protetiva contra o agressor.

Famosa pelo conteúdo conservador dirigido às mulheres nas redes sociais, ela se considerava antifeminista.

No Instagram, aconselhava mulheres sobre como serem “femininas e chiques” (se fosse o momento adequado, eu adoraria falar sobre como isso é brega).

Além do conteúdo conservador, ela grava vídeos respondendo às próprias seguidoras que a criticam, transformando seu perfil em um verdadeiro ringue de discussões entre mulheres.

Descrevendo o ex-marido como “possessivo e controlador”, a influenciadora relatou diversas situações de violência, denunciando que o deputado chegou a arremessar uma faca contra ela, além de ameaçar queimar seus pertences.

Cíntia Chagas e seu ex-marido, o deputado estadual Lucas Bove (PL-SP), acusado de agressão pela influencer bolsonarista – Foto: Reprodução

Inicialmente, no final de agosto, ela anunciou o divórcio sem expor publicamente as violências que sofrera, limitando-se a dizer que precisou pedir o divórcio por uma “situação grave, lamentável e triste”.

Nada pode ser tão característico de uma bolsonarista conservadora que cava a própria cova.

Ora, dizer que sofreu violência desmente todo o discurso conservador e antifeminista que ela propagava.

Não é preciso dizer que nenhuma mulher, bolsonarista ou não, merece sofrer violência. Os direitos pelos quais os feminismos lutam – a despeito da ingratidão de mulheres como Cíntia – devem ser usufruídos por todas as mulheres, sejam feministas ou não.

O que precisamos lembrar é que, ao propagarem discursos antifeministas, influencers bolsonaristas como Cíntia Chagas contribuem para a perpetuação das violências contra a mulher e, sobretudo, para o silêncio das vítimas.

Elas desempenham, muitas vezes, o papel do pastor que orienta a mulher violentada a se calar e “edificar seu lar”.

Cíntia Chagas é uma vítima, e quanto a isso não há dúvidas: ninguém é diretamente culpado pela violência que sofre.

Mas é fato – e ela provavelmente sabe disso – que a influenciadora se deixou (e ainda se deixa) usar pelo bolsonarismo para reproduzir discursos violentos que, para a surpresa de ninguém, voltaram-se contra ela.

Assim como muitas mulheres bolsonaristas no Brasil, Cíntia cavou a própria cova.

O casal, que só aparecia sob os holofotes representando a família perfeita de comercial de margarina que o bolsonarismo insiste em dizer que existe, era mais uma família tradicional brasileira de fachada, que terminou em um episódio, parafraseando-a, “grave, triste e lamentável”.

O agressor, o deputado estadual de SP desde 2003 Lucas Bove (PL), está solto e ainda não se manifestou.

E precisa?

Não falha nunca: é sempre um bolsonarista conservador.

Ele continuará solto, seu passado será esquecido e seu discurso conservador prevalecerá, porque é assim que as coisas acontecem no Brasil.

Que este episódio – terrível, independente do discurso violento da vítima – sirva ao menos para que outras mulheres conservadoras enxerguem que os lobos dormem ao lado.

Conheça as redes sociais do DCM:

⚪️Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo

?Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line