Os alemães têm uma palavra mágica para editores e jornalistas em geral: Zeitgeist.
Significa “Espírito do Tempo”.
O chargista Aroeira captou magistralmente o Zeitgeist numa charge que viralizou ontem na internet.
Nela, Dilma aparece num paredão prestes a ser fuzilada por armas que são os jornais e as revistas das grandes corporações de mídia.
No futuro, as pessoas entenderão como a imprensa agiu contra Dilma e a democracia pela simples visão da imagem de Aroeira.
O espírito do tempo está presente em outros chargistas, como Laerte e Latuff.
Pela vitalidade criativa deles você pode avaliar a desinspiração atordoante e atordoada que, lamentavelmente, tomou conta do grande chargista dos anos 1980 e 1990, Chico Caruso.
O ambiente do Globo deve ter contaminado Chico. É a única explicação que me ocorre para descrever o salto no abismo que ele deu.
Chico é hoje um desenhista rasteiro, sem graça, reacionário e patronal: tem, enfim, todos os defeitos que marcam aqueles que não souberam entender o Zeitgeist.
Suas charges parecem destinadas não a chacoalhar a sociedade, não a acordar a todos nós de absurdos que estão ocorrendo sem nos darmos conta.
Parecem destinadas apenas a agradar os patrões.
É um patético outono de atividade para alguém que prometeu tanto — e que durante um bom tempo entregou o prometido — no início da carreira.
Chico poderia envelhecer como seu xará da música. Mas envelheceu como Lobão.
E deixou um imenso espaço que é hoje ocupado por chargistas como Aroeira, Laerte e Latuff.
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Fica a lição.
Zeitgeist, em atividades como a de Chico, não combina com obediência mental a patrões.
Você pode garantir o emprego, mas não a dignidade e a relevância.