Originalmente publicado no BLOG DO ALBERTO CARLOS ALMEIDA
Por Alberto Carlos de Almeida
Na política vale o poder de barganha. No mundo da pandemia os países que controlam a vacina e seus insumos têm mais poder de barganha do que os que não o fazem. Se o Brasil, por exemplo, tivesse desenvolvido uma vacina poderia hoje não apenas estar imunizando toda sua população, mas oferecendo a vacina para seus vizinhos em troca de algum benefício. É exatamente isso que a China está tentando relizar.
É evidente que o Brasil depende hoje de pelo menos três países a fim de alcançar o objetivo de controlar a Covid: China, Índia e Rússia. Qualquer governo de um destes três países estará disposto a exportar os insumos e a própria vacina para o Brasil, desde que ofereçamos algo em troca. Dos três, sabe-se com certa segurança que Índia e Rússia têm menos para ganhar nesta possível troca do que a China. O país liderado por Xi Jinping tem capacidade produtiva para vacinar todos os brasileiros, a grande questão será a motivação para fazer isso, e ela pode estar na aquisição do 5G chinês.
Não há bonzinhos na política. Seja nas relações entre líderes políticos, partidos ou nações, todos buscam aumentar seu poder de barganha com a finalidade de sentar à mesa para negociar em uma posição forte. O líder da China não tem o menor interesse em exportar os insumos da Coronavac se não ganhar nada com isso. O mesmo vale para a Índia e a Rússia. Como se tratam de nações, e não de empresas para as quais basta o lucro financeiro e a conquista de novos mercados, seus chefes de governo querem algo em troca do Brasil. Quanto mais Bolsonaro e seus auxiliares atacarem a China, maior será o poder de barganha de Xi Jinping.
A negociação que a China poderá vir a fazer com o Brasil, trocar a vacina pelo 5G, está em curso com muitos outros países. O objeto da troca pode ser diferente, mas o fato é que os chineses conquistarão espaços novos na geopolítica mundial graças à Coronavac.
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