A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma declaração contundente ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Polícia Federal (PF), afirmando que ele não irá prestar depoimento na quinta-feira (22) sem acesso ao conteúdo dos celulares apreendidos nas investigações contra ele e seus aliados, sendo que 10 figuras da extrema-direita foram intimados pela PF.
Segundo o jornal O Globo, os advogados de Bolsonaro comunicaram ao STF e à PF que “opta por não prestar depoimento ou fornecer declarações adicionais até que seja garantido o acesso à integralidade das mídias dos aparelhos celulares apreendidos, sem abrir mão, por óbvio, de ser ouvido em momento posterior e oportuno”.
A intimação para o depoimento na quinta-feira, em Brasília, está relacionada à Operação Tempus Veritatis que investiga uma possível trama golpista entre o ex-presidente, ex-ministros, militares e parlamentares, inclusive editando uma minuta de decreto golpista em dezembro de 2022.
A defesa alega que não teve acesso ao conteúdo completo das conversas presentes nos celulares apreendidos, citando a autorização da operação pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, há duas semanas, que inclui excertos dessas supostas conversas.
Segundo os advogados, “o acesso completo a esses elementos é crucial para que seja garantido o exercício do seu direito de defesa”, e por isso Bolsonaro “opta, por enquanto, pelo uso do silêncio”.
A decisão de Moraes que autorizou a Operação Tempus Veritatis menciona diversas mensagens trocadas entre os investigados, incluindo o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice na chapa de Bolsonaro à reeleição.
Além do ex-presidente, entre os intimados para prestar depoimento estão Valdemar Costa Neto (presidente do PL), e ex-ocupantes de cargos de comando no governo passado, como Anderson Torres (Ministro da Justiça), Augusto Heleno (Chefe do Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Sérgio Nogueira (Ministro da Defesa), Mário Fernandes (Chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República), Walter Braga Netto (Ministro Chefe da Casa Civil e candidato a vice-presidente da República), Almir Garnier (comandante da Marinha) e Cleverson Ney Magalhães, (coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres).