A confusão perversa da Lava Jato sobre o “timing” da prisão de Lula. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 27 de janeiro de 2017 às 17:14
O delegado Igor Romário de Paula, coordenador da Lava Jato
O delegado Igor Romário de Paula, coordenador da Lava Jato

 

Se parece demais pedir um pouco de sobriedade e discrição aos homens da Lava Jato num momento em que a mulher de Lula está em coma induzido por causa de um AVC, eles podiam ao menos fingir que são organizados e eficientes como aparecem nos quadrinhos de super herois.

A fanfarronice já era conhecida. A bateção de cabeça e a guerra de vaidades vai se transformando num case internacional. Nem o Corinthians chega a esse nível.

Em 14 de janeiro, o delegado Maurício Moscardi Grillo disse à Veja que o timing para a detenção de Lula havia passado.

“Os elementos que justificariam um pedido de prisão preventiva não são tão evidentes”, falou. Para Grillo, foi um erro o depoimento no Aeroporto de Congonhas e a coercitiva porque acabaram permitindo a Lula passar uma imagem de vítima.

No dia em que o avião de Teori Zavascki caiu, seu colega Marcio Adriano Anselmo pediu “investigação a fundo” do “acidente”, entre aspas, insinuando a mesma coisa que milhões de Xeroque Rolmes brasileiros.

Duas semanas depois, os dois são desautorizados pelo coordenador Igor Romário de Paula.

Em entrevista ao Uol, Igor declara que o “timing” para prender Lula pode aparecer em “30 ou 60 dias”.

“Não vejo nem perda de tempo nem condescendência com o fato de se tratar um ex-presidente”, afirma.

Sobre o caso Teori, Igor conta que tem “a impressão” de que “foi uma baita de uma coincidência negativa. Não vejo e nem temos nenhuma informação que leve à suspeita que tenha acontecido um atentado”.

Nada indica que tudo seja uma tática diversionista para confundir. Não. Eles são confusos, mesmo. Quando tentam montar um quebra cabeça, aparece um power point vergonhoso.

Igor, que coordena a força tarefa, não consegue sugerir a seus comandados que mantenham o silêncio ou que falem a mesma coisa em hora marcada.

Conversam publicamente sobre um evento dessa gravidade como se fosse a rodada do Brasileirão ou se Neymar voltou com Bruna Marquezine.

Um cidadão pode ser encarcerado em um mês, dois, três — e me passa o ovinho de amendoim.

Ficamos assim: o freguês quer ouvir que Lula vai em cana hoje? Nós temos. É pra deixar mais pra frente? Temos, também. Quem vai entregar essa rapadura? Vamos ver quem está disponível.

Como vai ser isso? Aí deixa que a gente resolve. O pai é gangsta.