A democracia brasileira deve muito a gente como Dinah Caixeta.
Ela encarou sozinha uma multidão de fascistas na Avenida Paulista com uma camiseta em homenagem a Marielle Franco.
Contou ao Uol que estava saindo do trabalho quando viu um homem segurando uma placa com a rosto de Sergio Moro e o confrontou sobre o caso Queiroz.
“Aí ele se inflamou e foi chegando gente”, disse.
O sujeito notou que se tratava de uma “comunista” infiltrada entre cidadãos de bem.
Seus amigos a cercaram e ela teve de ser escoltada pela PM antes de ser linchada.
As imagens são eloquentes e Dinah é um testemunho de que nem tudo está perdido.
Ela segue adiante, ladeada pelos soldados, de cabeça erguida, enquanto um bando de histéricos berra impropérios: “Vagabunda!”, “Vai pra Cuba!” etc.
No filme “Invasores de Corpos”, clássico B que faz uma crítica do macartismo, alienígenas tomam o corpo dos seres humanos, transformados num exército acéfalo e agressivo.
É assustador ver aquela quantidade de doentes e o quanto eles se auto iludem em sua insanidade.
Dinah, mentalmente sã, estava fazendo uma pergunta absolutamente pertinente ao sujeito.
O que não é normal é rezar o Pai Nosso para Olavo de Carvalho. Isso aconteceu.
Ou transformar a herética “Hallelujah”, de Leonard Cohen, em hino evangélico e cantar com um “tenor” paraguaio aboletado no carro do dono dos Revoltados Online, que admitiu que cheirava cocaína nas micaretas golpistas.
“Se você senta a uma mesa com dez nazistas e não fala nada, então são onze nazistas”, reza um ditado alemão.
Obrigado, Dinah, por nos lembrar de que é preciso estar atentos e fortes e não temos tempo de temer a morte.
Mulher com camisa de Marielle Franco é perseguida e hostilizada em SP https://t.co/pQaWdvnWhZ ? Daniela Arcanjo e Wálter Nunes pic.twitter.com/oa5SbAkcbX
— Folha de S.Paulo (@folha) May 26, 2019