PUBLICADO NO BLOG DE MOISÉS MENDES
POR MOISÉS MENDES
Saiu uma pesquisa que apenas confirma a realidade facilmente percebida. A direita tomou conta do WhatsApp no Brasil na campanha eleitoral e continua agindo no mesmo ritmo. Quase tudo, incluindo as redes sociais, está sob o comando da direita.
É um estudo do departamento de ciência da computação da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos. As conclusões básicas: os grupos da direita são mais numerosos, mais ativos, mais distribuídos pelo país e, claro, mais mentirosos.
A pesquisa foi feita de 1º de setembro a 1º de novembro de 2018. Uma curiosidade: a ‘notícia’ falsa mais compartilhada pela direita não foi a da mamadeira de piroca, mas a de uma urna fraudada.
O fenômeno da internet no Brasil nesse começo de século é o protagonismo do mentiroso racista, homofóbico, machista e xenófobo da extrema direita.
E aí volta a pergunta: porque a pessoas acreditam no que esse sujeito diz em conversas entre parentes, amigos, colegas, vizinhos? Por causa das ignorâncias, estúpido.
O disseminador da informação falsa, muitas vezes o tal influenciador digital do bolsonarismo dedicado integralmente ao ‘jornalismo’ do WhatsApp, não acredita no que transmite. Mas ele faz com que outras pessoas acreditem e passem adiante.
E por que acreditam? Porque em mais de duas décadas de forte influência das esquerdas, o Brasil não construiu uma estrutura elementar de comunicação, da informação direita à produção de conteúdo jornalístico de esquerda em todos os meios disponíveis.
Vou repetir o que escrevo há meses (quem quiser, que pule essa parte): as esquerdas argentina, uruguaia, chilena e venezuelana pensaram e agiram.
Aqui, muita gente achava que estava tudo bem, tudo dominado, e que na eleição a guerra seria vencida pela comunicação fragmentada e dispersa das redes sociais e dos influenciadores de esquerda. Não há influenciadores de esquerda com a quantidade e o poder dos que atuam na direita.
Mas tem gente da esquerda que acredita até hoje que a guerra a ser vencida é a do WhatsApp e do Twitter contra o Carluxo.
Essa esquerda se dedica a uma batalha com um sujeito que chega a publicar uma informação contra o próprio irmão cúmplice de milicianos. É muita categoria. Esse é o adversário de muita gente boa hoje.
É contra o Carluxo que parte da esquerda acha que está guerreando, enquanto abrimos sites de jornais e TVs online que enfrentam a grande imprensa de igual para igual e nos explicam (não só com palpites) o que se passa na Argentina e no Uruguai, onde a direita tenta sobreviver a qualquer custo.