As forças e as fraquezas de Padilha como candidato

Atualizado em 2 de outubro de 2014 às 16:57
O frescor do nome é uma força de Padilha
O frescor do nome é uma força de Padilha

 

As últimas pesquisas sugerem que as eleições mais interessantes, em 2014, serão as que definirão quem vai governar São Paulo.

Aparentemente, no plano nacional, a coisa está resolvida a favor de Dilma. As manifestações de junho chacoalharam – mas não derrubaram – o prestígio de Dilma. Marina teve um instante de brilho, então, mas este brilho vai se pondo. Isso se vê não apenas nas pesquisas mas na dificuldade dela em amealhar as assinaturas necessárias à criação de sua Rede.

Em São Paulo a disputa parece aberta. O PSDB domina há muitos anos a política paulista, mas o desgaste nacional trazido pela Era Serra pode cobrar seu preço regionalmente.

O PSDB não se renovou apenas em ideias, mas também em gente. Faz tempo que tudo gira em torno de FHC, Serra, Alckmin e Aécio.

Disse algumas vezes que o PSDB precisa de um Bergoglio para sair do atraso e da letargia, ou para simplesmente não morrer na irrelevância progressiva, mas é possível que qualquer Bergoglio acabe expelido do partido pela estrutura viciada que sobretudo Serra montou.

A sensação que os líderes tucanos transmitem é que não estão enxergando o problema, e muito menos a solução.

Padilha, diante de tudo isso, terá chance de desalojar Alckmin?

A favor dele, está o frescor de seu nome. E também a força do Mais Médicos, provavelmente a melhor coisa que Dilma fez em seu governo. (Vejamos, apenas, se a execução desta ótima ideia não se perde na inépcia gerencial que tantas vezes marca não apenas o PT mas a administração pública brasileira em geral.)

Padilha pode repetir Haddad. Fato.

Contra ele, mais que o conservadorismo tradicional paulista, está a imagem que o PSDB cultivou em São Paulo de “competência” administrativa. Essa imagem vem à base de coisas como as fotos dos líderes sempre de paletós e gravatas, como se fossem executivos.

Mas um olhar mais profundo para o estado de São Paulo mostra que a realidade não bate com a percepção que se tenta passar. São Paulo poderia, pela riqueza, ser uma Dinamarca, mas é a Belíndia de que nos anos 1980 falou o economista Edmar Bacha – muito mais para a Índia do que para a Bélgica.

Cada vez que visito São Paulo faço uma careta no trajeto do aeroporto ao topar com tantas favelas.

A questão crucial do combate à iniquidade tem que entrar no topo da agenda dos administradores paulistas.

Se Padilha mostrar aos eleitores que é o homem para fazer isso, pode se transformar em 2014 em mais um poste, aspas, bem sucedido, sem aspas.