Não há peça de marketing mais eficiente para tirar votos de Bolsonaro do que o vídeo de seu seguidor humilhando uma mulher com fome.
Aquilo é a síntese do bolsonarismo como forma de higiene social. A eleitora de Lula, dona Ilza, não deve apenas morrer, mas morrer de fome por não ser como o outro.
O DCM deu o perfil do cidadão de bem. Ele é produtor rural e devedor de impostos. Bingo.
Que país sobrevive a mais quatro anos disso? A mais um mês disso?
Tudo filmado pelo próprio algoz para a posteridade porque a falta de vergonha e a propaganda da iniquidade fazem parte do show.
Se o presidente é orgulhosamente escroto, por que não seus seguidores?
A falta de ética e moral passou a ser a regra. O racismo, a misoginia, a delinquência. O assassinato. Para eles tudo é legal porque o líder fascista é a lei e a ordem. Ele os autoriza com sua palavra divina.
Mas, para quem estava ainda em dúvida, para ciristas, ou mesmo entre os simpatizantes do sujeito menos fanatizados, as imagens repugnantes representam um basta.
Quem — a não ser sádicos e psicopatas como o presidente, repito — gosta de ver uma senhora ser deixada à mingua porque ela se declara eleitora do adversário?
Nunca foi tão explícita a emergência brasileira. O país pode ter sido salvo por dona Ilza Ramos Rodrigues.