Uma vantagem da eliminação do Brasil pela Bélgica na Copa é não ouvir mais o Tite por um bom tempo.
O bom técnico do Brasil é, basicamente, um guru de auto ajuda.
Lembra Sebastião Lazaroni, talvez o precursor desse gênero de treinador, que dirigiu a seleção de 1990.
Lazaroni cunhou expressões pretensiosas inesquecíveis, a principal delas “galgar parâmetros”.
“O aleatório foi cruel demais conosco”, disse Tite depois da derrota.
Ele gosta de repetir um mantra para seus comandados: “Mentalmente forte”.
O resultado é o oposto.
“A gente tem de estar preparado para tudo, inclusive começar perdendo. A gente se desesperou um pouco e por isso saiu o segundo [gol belga]”, admitiu Renato Augusto.
O Brasil era a única equipe sem psicólogo.
Tite faz esse papel como “coach” — uma dessas picaretagens que não significam coisa alguma, tipo “sustentabilidade”.
Nas coletivas, brindava jornalistas dóceis com baboseiras non sense jamais questionadas.
“Eu usei erradamente o que falei para os atletas, de que a matilha precisa do lobo e o lobo precisa de matilha, mas o conjunto de lobos é alcateia”, falou.
“Entre ter um mau prestígio e mau consciência, prefiro ter mau prestígio. Temos jogo decisivo, esse jogo que decide. Nossa continuidade depende desse jogo”, mandou ver. Sabe Deus o que é mau prestígio.
Também passou a se referir a si mesmo na terceira pessoa, um clássico.
“Quero colocar para toda nação brasileira, estou num posto. No primeiro jogo contra o Equador, o Tite chorou quando acabou o jogo. Repito: Tite chorou”, falou.
“Há o momento, sim, do gelo, da calma, da lucidez, manter padrão. O que é manter padrão? 91 do segundo tempo, você fazer o gol do jeito que a equipe está acostumada a jogar. Isso é manter padrão”.
Tite precisa ouvir o conselho de Nelson Rodrigues aos diretores de teatro: “Seja burro pelo amor de Deus, seja burro”.