A Espanha e sua liga de futebol têm de ser cancelados do mundo do esporte. Por Luís Costa Pinto

Atualizado em 24 de maio de 2023 às 7:14
Vinícius Jr. com a mão na cabeça, falando em campo
Vinícius Jr. em campo pelo Real Madrid – Foto: Reuters

Por Luís Costa Pinto

A Confederação Brasileira de Futebol agendou um amistoso da alquebrada e acéfala Seleção Brasileira em Barcelona, na Espanha, em junho. O adversário será uma seleção da África, ainda indefinida. Ante os ataques racistas, fascistas, canalhas e criminosos sofridos reiteradamente pelo jogador Vinicius Jr.; do Real Madrid, nos estádios espanhóis (o último deles, sábado, em Valência), a primeira atitude da CBF tem de ser cancelar a partida na Catalunha. Tem de ser um posicionamento liminar, imediato. Depois, em paralelo às denúncias que precisam ser formuladas contra as torcidas fascistas da Espanha e os respectivos clubes que acobertam o comportamento abjeto de parte da sociedade espanhola, a Confederação Brasileira de Futebol tem de antecipar a decisão já tomada de usar ainda este ano o uniforme preto – 100% preto na camisa, nos calções e no meião do padrão de jogo do time – como instrumento de denúncia e protesto contra o racismo no futebol global.

À Confederação Sulamericana de Futebol (Conmebol), a Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA) e a Federação Europeia de Futebol (Uefa) não cabe outro posicionamento que não seja apoiar a CBF, dar sequência às denúncias de Vinicius Jr., hoje o maior craque do esporte no mundo (e candidato fortíssimo à Bola de Ouro e ao título honorífico de “The Best”). Além disso, tanto a FIFA quanto as Confederações continentais precisam estabelecer um protocolo para acolher denúncias de práticas semelhantes às das torcidas espanholas – muito comuns – e executar punições rápidas e em série.

A liga da Espanha, “La Liga”, por exemplo, já é passível de duras punições pela cumplicidade com que age ou deixa de agir quando as arquibancadas e torcidas organizadas da Nação ibérica entoam os grunhidos guturais canalhas contra atletas negros. A “La Liga” tem de realizar a ameaça – que precisa ser real – de banimento de suas seleções dos campeonatos internacionais e da exclusão de seus clubes dos campeonatos organizados fora do cercadinho territorial fascista daquele rincão atrasado da Península Ibérica.

Mas, as empresas de comunicação e cada um dos cidadãos e das cidadãs que gostam de futebol e que consomem a miríade de produtos licenciados em torno do esporte bretão também podem contribuir para esse banimento. Eis a forma:

  • Emissoras de TV, de rádio e de streaming podem banir as transmissões das partidas do Campeonato Espanhol e da Copa do Rei, por exemplo. Os canais de streaming podem e devem fazer o mesmo.
  • Lojas de material esportivo podem e devem cancelar a venda de produtos licenciados dos clubes espanhóis caso eles permaneçam com a atitude calhorda e cínica de calarem ante a boçalidade da La Liga e mesmo do Reino da Espanha.
  • Uma grande rede internacional de cancelamento dos clubes espanhóis, da Seleção da Espanha e da La Liga deve ser empreendida na internet por meio dos perfis sociais.
  • Atletas de times e de seleções masculinas e femininas têm de se recusar a ir a campo na Espanha.
  • Ronaldo Nazário, vulgarmente como “Ronaldo Fenômeno” (algo que foi, em campo, de fato), precisa retirar todos os investimentos que faz em clubes espahóis e se pronunciar sobre a boçalidade em curso no reuno do Rei Filipe (ele mesmo, natural de um clã fascista).
  • Ronaldinho Gaúcho, Romário, Bebeto, Pepe e Rivaldo, que foram heróis incontestáveis envergando uniformes de clubes espanhóis têm de se pronunciar firmemente contra tamanha espiral de ignorância e fascismo nos gramados da Espanha.

É inadmissível que os protestos da Confederação Brasileira de Futebol se limite a notas de repúdio e, não, a ações firmes para afirmar o que pensa e a liderança que ainda tem no mundo esportivo. Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, tem sangue indígena e negro correndo em suas veias de baiano do interior do estado. O Brasil não pode assistir impotente aos ataques racistas contra seu maior e melhor atleta em atividade – aliás, contra ninguém. A reação tem de ser à altura da ofensa, e exibindo as ferramentas de protesto e punição capazes de causar temor real nos boçais. Até aqui, não foi isso o que se viu e a CBF mantém na agenda o amistoso em Barcelona. Não pode. As TVs e os canais de streaming mantêm as transmissões espanholas. Não pode. O “empresário” Ronaldo não se manifestou ainda. Não pode. Os atletas deram declarações esparsas em solidariedade a Vinicius Jr., não esboçaram uma ação em bloco e consistente. Não pode.

Racistas, fascistas, não passarão. Nunca mais.

Publicado originalmente em Jornalistas Pela Democracia

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