Por Aloizio Mercadante
Ao reunir dezenas de embaixadores para repetir mentiras e atacar o sistema eleitoral brasileiro, Bolsonaro escancarou ao mundo a estratégia golpista que pretende colocar em curso diante da inevitável derrota nas urnas nas eleições de outubro.
Amplamente rejeitado, o fatídico encontro no Palácio da Alvorada marcou um ponto de inflexão de setores conservadores da sociedade brasileira em defesa da democracia e também a ruptura desses setores com o ‘projeto capitólio’ de Bolsonaro.
O intenso processo de resposta ao golpismo teve início com uma série de reações de repúdio às declarações de Bolsonaro junto aos embaixadores. Além da cúpula do Judiciário, associações de servidores públicos da Abin, da Polícia Federal e do Ministério Público se posicionaram em defesa da lisura das nossas eleições.
Em âmbito internacional, os governos dos Estados Unidos, do Reino Unido e de países da União Europeia e da América Latina reiteraram a confiança no sistema eleitoral brasileiro, aprofundando o isolamento internacional de Bolsonaro.
Agora, ganham destaque dois manifestos em defesa da democracia. O primeiro, que conta com adesão de empresários, banqueiros, personalidades e ex-ministros do STF, foi organizado por ex-alunos da Faculdade de Direito da USP e já chega a quase meio milhão de assinaturas.
Não menos importante é o manifesto intitulado “Em Defesa da Democracia e da Justiça”, organizado por entidades e associações empresariais, que deve ser lido no próximo dia 11 de agosto no Largo do São Francisco e que conta com o apoio de entidades como Fiesp, Febraban, Fecomércio e centrais sindicais.
Esse importante movimento de setores da sociedade brasileira em defesa da nossa democracia resgata o espírito da Carta aos Brasileiros, elaborada pelo jurista Goffredo da Silva Telles Jr. e lançada em 8 de agosto de 1977, também na Faculdade de Direito da USP, em repúdio à ditadura militar e em reação ao Pacote de Abril, do ditador Ernesto Geisel.
Naquela ocasião, eu já estava na luta contra a repressão e participei da leitura desse documento que foi um marco decisivo no processo de redemocratização, pois ampliou o enfrentamento contra a ditadura para setores além do movimento estudantil e dos movimentos populares de esquerda, que já estavam na rua.
A potência desses manifestos fez com que o próprio Bolsonaro fosse às redes sociais ironizar e tentar diminuir a força dos documentos. Entretanto, os jornais dão conta de que a equipe de campanha do ex-capitão está encurralada com os dois manifestos que, na prática, escancaram que Bolsonaro perdeu o apoio de parte significativa da elite que esteve com ele nas eleições de 2018 e deu sustentação ao seu governo.
Por isso, está cada vez mais evidente que as eleições de outubro não são uma simples eleição, mas uma encruzilhada histórica para o Brasil. De um lado, temos um Bolsonaro cada vez mais desesperado, com uma irresponsabilidade fiscal sem precedentes na história do país e que representa os valores anticivilizatórios da ditadura, da tortura, da agressão aos direitos humanos, do terraplanismo diplomático, da negação da ciência e da depredação sem limites do nosso meio ambiente.
Do outro, forma-se uma ampla aliança democrática em torno da candidatura da esperança da chapa Lula-Alckmin, uma aliança tão provável quanto imprescindível, que une o presidente mais bem avaliado da história com um líder político que foi seis anos vice-governador e 16 anos governador do estado mais rico da federação.
Essa coligação é fundamental para superar as imensas dificuldades da herança trágica que Bolsonaro deixará para o país. Lula é o único candidato que segue percorrendo o país, estruturando palanques estaduais consistentes e aumentando o leque de alianças.
Isso não só pela força dos legados dos governos do PT ou pelo caráter inovador e portador de futuro do nosso programa de governo, mas também pela profunda relação de Lula com o povo brasileiro e pelos valores democráticos e civilizatórios que a nossa candidatura representa.
A tendência é que, com a proximidade das eleições, a polarização entre a civilização e a barbárie se aprofunde ainda mais desidratando as demais candidaturas que contam com a simpatia de setores da imprensa e do mercado, mas que, até agora, não conseguiram sequer atingir a marca de dois dígitos das intenções de voto.
A rejeição à Bolsonaro permanece em índices impeditivos, não só pelo desastre econômico e social e pela condução criminosa do enfrentamento da pandemia, mas, sobretudo por um governo que não tem qualquer iniciativa relevante para apresentar ao país, enquanto as pesquisas apontam para uma possibilidade real de vitória de Lula já no primeiro turno.
Nesse cenário, devemos seguir com os pés no chão, com muito trabalho e energia para colocar nas ruas uma campanha que irá emocionar e sensibilizar o povo, ao mesmo tempo em que avançamos na consolidação de uma base política e social que dará condições de governabilidade e sustentação a um futuro governo.
Não tenho dúvidas que Lula e a democracia derrotarão o golpismo de Bolsonaro. Lula voltará a governar este país com a legitimidade daquele que será o ser humano mais votado da história das civilizações.
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