A Polícia Federal vai adotar uma estratégia-surpresa durante os depoimentos do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados nesta quinta (22). Investigadores vão interrogar, simultaneamente, 24 pessoas envolvidas no planejamento de golpe de Estado para manter o então mandatário no poder. A informação é da coluna de Guilherme Amado no Metrópoles.
As equipes que vão conduzir as oitivas vão se comunicar durante os depoimentos, fazendo com que os delegados saibam o que outro investigado está falando em outra sessão e usando as informações para confrontar os depoentes.
O objetivo é buscar contradições nas oitivas e desestabilizar os investigados que pretendem ficar calado, mostrando que outros depoentes podem estar fornecendo versões que prejudiquem a narrativa.
Bolsonaro é um dos depoentes que deve ficar calado durante a oitiva. Ele, que solicitou que o procedimento fosse adiado e teve o pedido negado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, deve ser questionado principalmente sobre a reunião golpista de julho de 2022 e a minuta encontrada em sua sala na sede do PL em Brasília.
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres, no entanto, não deve ficar em silêncio. Sua defesa já adiantou que ele “responderá a todos os questionamentos” da corporação sobre o plano golpista. Pessoas próximas ao bolsonarista também avaliam que ele deve manifestar o desejo de fazer uma delação premiada durante o depoimento.
Veja a lista de investigados convocados para prestar depoimento na sede da PF em Brasília:
- Jair Bolsonaro (ex-presidente);
- Augusto Heleno (general e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional);
- Anderson Torres (ex-ministro da Justiça);
- Marcelo Costa Câmara (coronel do Exército);
- Mário Fernandes (ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência);
- Tércio Arnaud (ex-assessor de Bolsonaro);
- Almir Garnier (ex-comandante geral da Marinha);
- Valdemar Costa Neto (presidente do PL);
- Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa);
- Cleverson Ney Magalhães (coronel do Exército);
- Walter Souza Braga Netto (ex-ministro e ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro);
- Bernardo Romão Correia Neto (coronel do Exército);
- Bernardo Ferreira de Araújo Júnior;
- Ronald Ferreira de Araújo Junior (oficial do Exército).
Simultaneamente, outros investigados vão prestar depoimentos em outras cidades:
- Rio de Janeiro: Hélio Ferreira Lima, Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Ailton Gonçalves Moraes de Barros e Rafael Martins Oliveira;
- São Paulo: Amauri Feres Saad e José Eduardo de Oliveira;
- Paraná: Filipe Garcia Martins;
- Minas Gerais: Éder Balbino;
- Mato Grosso do Sul: Laércio Virgílio;
- Espírito Santo: Ângelo Martins Denicoli;
- Ceará: Estevam Theophilo ( único depoimento marcado para sexta-feira).