Michel Temer deu uma entrevista anódina à Folha, falando sobre o que se pode chamar de sua obra.
“Cedemos até onde podemos”, conta, sobre a reforma da Previdência. “O ponto fundamental da reforma é a questão da idade. Se fixarmos uma idade mínima, porque hoje as pessoas se aposentam com 50 ou 49 anos, já damos um passo avançadíssimo.”
O melhor é quando fala de sua relação promíscua com Gilmar Mendes, o companheiro que (não) está julgando sua cassação no TSE.
Foram ao menos oito as ocasiões em que eles se encontraram sem registros em suas agendas oficiais desde maio último.
O Código de Processo Civil prevê que juízes não podem julgar “amigo íntimo” nem “aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa”, lembrou a BBC Brasil numa boa matéria.
Nessas situações, é preciso se declarar suspeito.
Ao menos quatro desses convescotes ocorreram no Palácio do Jaburu, onde Temer permaneceu depois que ficou com medo dos fantasmas no Planalto. O quinto não se sabe direito onde foi.
Dois foram confraternizações com outras autoridades na casa de Gilmar, outro foi um jantar na casa de um ministro do STJ. Houve também a carona que Gilmar pegou com Temer para Portugal. Enfim.
Temer declara não ver “nenhum” conflito de interesse nisso. “Conheço bem o Gilmar, até”, admite.
E resume a coisa: “E daí? A gente não pode conversar?”
Esse é Michel, esse é Gilmar, esse é o Brasil. Azar o seu.