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Por Gilberto Maringoni
As mobilizações de 19 de junho evidenciam que os setores democráticos e populares retomam o poder de agenda no país. Isto é, voltam a pautar a conjuntura.
A contraparte lógica é que a extrema direita perdeu as ruas. Se olharmos para a ridícula motociata paulistana da semana anterior, veremos que perdeu feio.
Bolsonaro pode seguir com 25% de apoio nas próximas pesquisas, mas não tem mais uma significativa base militante, capaz de se mobilizar para defendê-lo, faça chuva ou faça sol. É um sério revés em sua tática de tocar o terror no país ao se ver acuado.
Isso não significa que o perigo golpista foi debelado. Sua rede miliciana dentro e fora dos aparatos de segurança pública – polícias e forças armadas – se tornaram mais fiéis, após a troca dos comandos do Exército, Marinha e Aeronáutica em março ultimo.
Não nos esqueçamos: o Exército acentuou sua característica de polícia após a inexplicável e desnecessária missão ao Haiti, a partir de 2004. Não temos uma força em condições de nos defender de agressões externas, mas sim um contingente típico da Guerra Fria, dedicado principalmente à repressão interna. Coisa de republiqueta periférica. Desgastados por sua participação na ditadura, os militares viram naquele processo a chance de voltarem a ter peso na cena política.
Temos uma cúpula fardada fraca e completamente submissa a Bolsonaro, pronta a rifar seus princípios básicos de hierarquia e disciplina em troca de boquinhas e privilégios. Trata-se de gente inconformada com o exercício da democracia, capaz de apoiar sem problemas um governo genocida.
Colocar limites no poder armado é hoje tarefa central dos democratas. Tenhamos claro: aí mora hoje o maior perigo para a democracia brasileira.
Estão acuados pelas ruas e pelo isolamento crescente. Por isso são mais perigosos.