A farra dos aviões é um aperitivo do que Aécio faria se eleito presidente. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 8 de novembro de 2015 às 20:51
Quer procê pra dar uma vortinha?
Quer procê pra dar uma vortinha?

 

A explicação da assessoria de Aécio Neves para a farra do empréstimo de avião e helicóptero para amigos é quase tão patética quanto o ato em si.

Heloísa Neves, a chefe de comunicação, deu trabalho para a equipe para tentar banalizar mais uma apropriação de dinheiro público. (Heloísa, aliás, é casada com um réu do mensalão tucano e recebia, além do salário no Senado, jetom de estatais mineiras).

“Todos os voos foram regulares, dentro das normas legais e atenderam a interesses da administração do Estado”, diz o comunicado, publicado na Folha. Foram “demandas e necessidades do chefe do Executivo”.

O que o Aécio governador fez é um aperitivo do que faria se eleito presidente: abrir as porteiras da máquina do governo para seus escolhidos enquanto denuncia os desmandos do bolivarianismo, o inchaço estatal etc etc. O rei do patrimonialismo.

Então o programa de Luciano Huck não tinha orçamento suficiente para ir até Minas para gravar? É isso o que querem que você acredite e não que Aécio conversou com Huck e mandou facilitar tudo.

Provavelmente, ninguém pagou as diárias de hoteis, também. Segundo o pessoal de Aécio, a coisa serviu “para a divulgação de um roteiro turístico, a Estrada Real”.

Roberto Civita foi com a mulher Maria Antônia para Inhotim. O objetivo era “divulgar o Museu de Arte Contemporânea apresentando-o a um dos maiores empresários de comunicação do país”. Ah, claro.

Ricardo Teixeira pegou o avião para “atender a agendas com o governador à época da candidatura do Brasil para sediar os jogos da Copa de 2014”. Milton Gonçalves e José Wilker viajaram na faixa para participar de um protesto “contra a corrupção apoiado pelo governo de Minas”. É inacreditável.

Muitos deles pousaram no aeroporto de Cláudio, cuja chave ficava com o tio de Aécio, perto da fazenda da família. Essa convivência promíscua com o coronel, em que ele empresta o que não é dele, nunca foi estranha para esses artistas, políticos ou empresários. Tudo em casa.

E isso é apenas o começo. Os dez anos da dobradinha Aécio-Anastasia em MG, com o fabuloso “choque de gestão”, têm ainda muitos esqueletos prontos para sair do armário. A festança no céu é apenas um trailer.