O que é o francês numa imagem

Atualizado em 1 de abril de 2011 às 13:38
Eis a França traduzida numa foto

Do Jardim de Luxemburgo, Paris

A França é isto.

Por mais que você procure palavras sobre a França, nenhuma delas definirá melhor o país que esta imagem.

O homem estirado preguiçosamente sob o sol do meio dia do Jardim de Luxemburgo, em Paris, estava num momento 100% francês quando o fotografei.

Ele não tinha ido ao parque para pensar no trabalho, refletir sobre os dramas da humanidade, matutar sobre seus próprios problemas existenciais. Um iPhone ou um laptop ficariam absolutamente deslocados nele porque isso o conectaria com o mundo lá fora.

Ele foi ao parque para vagabundear, simplesmente. Sem culpa, sem disfarces. Isso é admirável.

O francês trabalha menos que os outros e vive mais. Goza mais, igualmente. Trabalho para ele, ao contrário da cultura americana, é um meio de ganhar dinheiro para fazer coisas gostosas que estão bem longe do escritório. O francês não costuma sequer sair com gente da própria empresa, para evitar que o trabalho de alguma forma se estique nas conversas. Ele distingue com clareza: interesse da empresa é da empresa. Do trabalhador é do trabalhador.

Eles e nós, por assim dizer. Cada um de seu lado.

Os americanos catalogavam isso, desdenhosamente, como parte da “euroesclerose”. Mas de que valeu a eles, americanos, se esfolar no trabalho? Os Estados Unidos estão despencando. (Li numa reportagem da BBC que existem americanos que deixaram seu país em troca do “sonho brasileiro”. Pareceria piada até recentemente, mas um número significativo de gente dos Estados Unidos está disposta a aproveitar as oportunidades que o crescimento brasileiro traz.)

É raro você ver em Paris gente nos cafés usando celulares ou computadores com finalidades profissionais. Raríssimo. Quase impossível. Nos cafés as pessoas conversam, bebem, contemplam a multidão que passa nas ruas. Flertam. Filosofam.

Já desprezei tudo isso.

Hoje admiro.