Originalmente publicado por INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS
O papa Francisco recebeu uma comunidade de católicos LGBT em audiência.
“Na dolorosa jornada que, como católicos LGBT, cada um de nós fez, confesso que não teria imaginado que tivéssemos chegado a esta etapa. Reunimo-nos em audiência com o Santo Padre”. São palavras de um dos representantes da associação italiana Tenda di Gionata, de pais e filhos LGBT. Aproximadamente 40 de seus membros foram recebidos ontem no Vaticano.
O papa Francisco os saudou de perto e, ao final da audiência, a vice-presidente da associação, Mara Grassi, entregou junto ao seu marido um exemplar do livro “Pais de sorte”. A obra sintetiza as experiências eclesiais, frequentemente muito duras, que as pessoas homossexuais e católicas precisaram atravessar.
Junto a esses testemunhos, a associação também incluiu cartas com petições concretas e críticas ao trato recebido pela Igreja, que esqueceu ou estigmatizou a comunidade LGBT. “A Igreja não os exclui”, respondeu Francisco. “Ama seus filhos tal como são, porque são filhos de Deus”.
Como publicou o site Avvenire, a associação presenteou o Papa com uma camiseta do arco-íris, com as palavras “No amor não há temor” (1 Jo 4, 18). Francisco sorriu ao recebê-la, em um momento do qual Grassi destacou como a “profunda harmonia que não esqueceremos”.
Da rejeição à acolhida
A homossexualidade, também na Igreja, “deve encontrar a plena cidadania”, declara outra das mães da associação, que confessa ter sofrido, diretamente com o seu filho, a rejeição da comunidade católica. A dificuldade da aceitação pessoal, familiar e depois eclesial são relatadas nas experiências reunidas em “Pais de sorte”.
Algumas delas terminaram em reconciliação, porém outras foram separadas da família e das instituições da Igreja. “Meu filho escolheu ser agnóstico para se salvaguardar”, aparece em outro testemunho.
“O estudo de todos os documentos eclesiais oficiais nos quais se aprofundou para sua tese em Antropologia Cultural foram sua coroa de espinhos”.