Os jornalistas da Globo viraram motivo de piada em seu pseudojornalismo chapa branca.
“Nunca vi isso em minha vida”, disse no Twitter o experiente e internacionalmente reconhecido jornalista Glenn Greenwald, americano radicado no Brasil e dono de um Prêmio Pulitzer.
O que chamou sua atenção – e a de muita gente – foi a entrevista que a repórter da Globo Poliana Abritta fez com o novo velho ministro da Fazenda Henrique Meirelles no Fantástico deste domingo. (Aqui, você pode ver.)
No final, empolgada como uma cheerleader, ela quase que se atirou ao colo de Meirelles. Disse que estamos todos torcendo por ele.
Bem, todos quem?
Só faltou Poliana dizer para Meirelles: “Senhor ministro, não se esqueça de liberar logo dinheiro para nós da Globo.”
Mas isso, se não é dito, é entendido. O preço do apoio irrestrito — e ridículo também como mostrou Poliana — da Globo ao golpe e a Temer é dinheiro público em doses copiosas. Anúncios, financiamentos, compras de assinaturas e livros e coisas do gênero.
Foi sempre este o jogo, desde que os generais deram a Roberto Marinho uma rede de tevê para que fosse feita propaganda da ditadura em rede nacional.
Estará garantida para Temer uma cobertura amiga, irmã, protetora como uma mãe. E tão desvairada que não será respeitada por ninguém que não seja um completo analfabeto político e jornalístico.
Greenwald deixou isso claro.
Poliana fez, em escala gigantesca, o que outros jornalísticas da Globo já vêm fazendo em quantidade mais limitada.
A patética entrevista de Temer ao mesmo Fantástico foi saudada com elogios empolgados no Twitter por jornalistas como Jorge Bastos Moreno e Ricardo Noblat.
O problema é que não há apoio da Globo e servos que baste para salvar Temer. Os seus jornalistas tentaram, durante dias, negar que a mídia internacional repudiara o golpe.
Não adiantou. Os fatos são os fatos. Diversas publicações internacionais – uma delas o NY Times – condenaram vigorosamente a derrubada de Dilma nos termos obscuros em que se deu.
Graças à internet, a sociedade brasileira pôde ler os artigos em sites independentes e nas redes sociais. Em outros tempos, as empresas de mídia fariam uma barreira e ninguém saberia o que estão dizendo lá fora.
Temer, com seu “governo de salvação nacional”, está perdido. E a Globo fatalmente vai ser arrastada com ele. Jamais será esquecida sua participação decisiva em mais um golpe.
A Globo é hoje a Veja. As parcelas mais esclarecidas da sociedade não as levam a sério. A rejeição e o ódio a elas são intensos e crescentes. Não há como sobreviver indefinidamente num cenário destes, mesmo com os cofres públicos abertos para ambas, como deve ocorrer agora com Temer.
Os brasileiros estão promovendo vomitaços para a Globo e seu amigo Temer. Estão também rindo em certos momentos, porque rir é essencial, sobretudo em dias dramáticos. A entrevista de Poliana Abritto com Meirelles cabe nesta última categoria. Provocou aquele desprezo que se expressa em risos e o clássico complemento: “Viu essa?”
O dinheiro pode tudo, disse Nelson Rodrigues. Pode até comprar o amor verdadeiro.
O dinheiro público pode tudo também, como se vê pela fortuna dos Marinhos. Só não pode comprar jornalismo decente.