Por Nathalí Macedo
Atualmente, a influencer que mais vem acumulando seguidores no Brasil é Mirella Santos, uma das gêmeas lacração que acompanhavam MC Loma como dançarinas.
Um milhão por dia. Ninguém jamais alcançou resultados tão expressivos organicamente nas redes sociais.
Enquanto isso, as marcas vêm ignorando seu sucesso e são pouquíssimos os posts publicitários no Instagram dela.
O que ela faz diante desse boicote? O que toda mulher de fibra faria: continua trabalhando e continua fazendo sucesso.
Como a internet – felizmente – não perdoa, os seguidores de “Linha”, como ela prefere ser chamada, já notaram a indiferença da publicidade diante do sucesso da moça, e identificaram o motivo, mais que óbvio: ela é nordestina.
Se fosse uma paulista sem carisma ganhando 1k por dia – algo me diz que isso jamais aconteceria – ela estaria milionária e sendo chamada pra reality show, quem sabe até estrelando a novela das oito.
A xenofobia é óbvia e está diante de nossos narizes.
Mirella é nordestina raiz, em termos de sotaque e de costumes. As marcas preferem perder milhões de potenciais clientes do que associarem seu nome a uma nordestina raiz. Até GKay convidou a influencer para a sua famigerada farofa, e os publicitários paulistas investindo em outras paulistas que só produzem conteúdo pré-concebido que ninguém aguenta mais.
O mesmo acontece com as irmãs, que também estão bombando: Marielle, a outra gêmea, e MC Loma, também não recebem convite nenhum.
Talvez você diga: “há outras nordestinas fazendo publicidade na internet”.
Sim, há. Mas quantas? Nenhuma de origem tão humilde – e nenhuma tão disposta a não perder as origens. Nenhuma tão não-branca. Nenhuma que faça tanta questão de ser ela mesma.
Eu não gostaria de chamar uma classe profissional inteira de burra e preconceituosa, mas é isso que os publicitários têm sido nesse caso.
Um talento como o de Mirella precisa ser aproveitado e valorizado, independente de sua origem. E o Brasil (inclusive eu) concorda com isso enquanto assiste os stories divertidíssimos dessa gênia da internet.
Não adianta bancar os não-xenofóbicos elegendo uma Juliette como musa uma vez na vida. É preciso valorizar o que vem do nordeste o ano inteiro, o tempo inteiro, porque daqui já saíram e continuam saindo produções irretocáveis – dentro e fora da internet.
Minha torcida por Mirella é a minha torcida não apenas pela minha região – mas também pela espontaneidade e verdade que ela transmite.
E o meu asco por publicitários? Esse segue aumentando.