A influência de Aécio Neves se mantém em MG, agora com um pé na canoa do prefeito Kalil. Por Geraldo Elísio

Atualizado em 22 de novembro de 2020 às 8:35
Alexandre Kalil, com Anastasia e Aécio, em 2016. foto: George Gianni/PSDB-divulgação

O resultado das últimas eleições em Minas Gerais oferece visões subjetivas. Porém nada distantes da realidade. O curso da pandemia provocada pela corona vírus e o desenrolar das questões econômicas em primeiro lugar evidenciam um arrefecimento marcado com o modus operandi do presidente Bolsonaro.

Não sei se fosse hoje o capitão obteria o mesmo resultado nas urnas. Começa a circular com maior desenvoltura um sentimento de o mesmo estar despreparado para as funções que exerce ao mesmo tempo em que as ondas de acusações envolvendo os familiares dele se desdobram

A economia declina sensivelmente, baseada em uma rede de commodities cercada por barragens de rejeitos impregnadas de risco para expressiva parte da população. Tanto o presidente Bolsonaro quanto o governador Romeu Zema, deles não se pode dizer serem figuras expressivas de um tradicional quadro político. E não dão a atenção devida a tais episódios. Querem resolver o presente sem se preocupar com problemas futuros.

Lógico, a exemplo de todo o Brasil, não ocorreu um programado e desejado derretimento das esquerdas. A meu ver o resultado das urnas exibiu uma variação metodológica apontando para outro rumo com o empoderamento de metas e objetivos distantes mesmo para alguns grupos mais atentos. Porém tudo ligado ao campo progressista.

Entretanto, bem ao jeito mineiro, percebe-se uma atitude adjacente com o nítido propósito de beneficiar o atual senador Aécio Neves, até hoje blindado em função de erros cometidos anteriormente a exemplo da construção da cidade administrativa, os entreveros da censura do governo dele com a imprensa, o custo da edificação da imponente e falha nova sede governamental e os propalados envolvimentos com drogas pesadas.

Quem e por que blindam Aécio devedor ainda de explicações convincentes relativas às contas dos bancos em paraísos fiscais? Por que somente ele se beneficia dos oráculos da moral e dos bons costumes, bem como das santidades em profusão nos oratórios? Em Minas, nos meios mais elevados e recônditos da política, o que não faltam são comentários de que o prefeito reeleito de Belo Horizonte e o senador Antônio Anastasia podem estar em uma mesma empreitada.

Fuad Noman, vice e homem de confiança do reeleito Alexandre Kalil – será mera coincidência ou, como diria Freud, uma armação do inconsciente? – é do mesmo PSD do senador Antônio Anastasia, que era tucano e foi braço direito de Aécio. O próprio Kalil concorreu pelo PSD.

Pessoas, sob promessa de “eterno sigilo da fonte”, garantem que de novo “tudo está sendo armado pela ex-prisioneira Andréa Neves, visto a necessidade premente do irmão dela se ver obrigado a manter privilégios e prerrogativas que o livrem de sérios constrangimentos. O papel dela, que o criou e o destruiu, já foi cumprido”.

Ela já foi presa não por razoes políticas (o que não se justificaria), mas assim mesmo não quer ver o pimpolho em maus lençóis.

Isto, a meu ver, é que tem levado a política e a imprensa tradicional a manter um silêncio sepulcral relativo a esta questão. Nesse caso, a pandemia e a crise econômica econômica servem para que terceiros, à parte, se beneficiem da situação delicada vivenciada nas montanhas mineiras.

A pandemia desvia o foco de outro vírus, o do aecismo, que continua a circular.

Com isso concorda também o meu interlocutor.