POR BRUNO VERSON, jornalista com passagens por Estadão, Folha, iG, O Globo e Abril. Atualmente cursa mestrado na área de Ciências Ambientais na Universidade Federal de São Carlos.
As ruas de Miami estão desertas e as estradas que levam para o norte dos EUA, lotadas. Pessoas se estapeiam por fardos de água engarrafada. Num posto de combustíveis, um homem saca uma arma para conseguir abastecer seu carro antes de o combustível acabar.
“Esse será o maior furacão a atingir a costa da Flórida na história”, dizia um alarmado âncora do canal A24.
No Twitter, Erick Blake, cientista do National Hurricane Center, afirmou que nunca viu nos registros modernos três furações se formando ao mesmo tempo na Bacia Atlântica.
Horas mais tarde, o climatologista Brian Brettschneider postou um gráfico que mostra a Energia Ciclônica Acumulada no Golfo do México é o maior da história.
Essa medida mostra a quantidade de energia disponível para ser “gasta” com um ciclone.
Entre os dados que apontam para uma catástrofe climática, o NHC confirmou que o Harvey, foi o primeiro categoria 4 a atingir o solo no Texas desde 1961.
Uma semana depois do Harvey, Katia, Irma e José se formaram junto no Golfo do México. Katia está próximo a costa mexicana e não deve passar da categoria 3. Já Irma e José seguem um mesmo rastro, ambos em categoria 4. As previsões apontam para que ambos devem permanecer nesse estágio até tocar o solo.
No entanto os cones de ventos de Irma e José devem se sobrepor no sul da Flórida. O pior deve ocorrer entre sábado e domingo. Chuvas intensas devem inundar boa parte da Flórida e as ondas podem chegar a 9 metros.
Apesar de cada vez mais previsíveis, furacões são estruturas complexas e pequenas alterações na temperatura da superfície oceânica, direção dos ventos ou a própria interação de dois furacões podem determinar uma guinada na direção e tornar tudo incerto e caótico.
Exceto a estupidez.
Em 2012, Trump usou sua conta de Twitter para dizer que o aquecimento global não passava de um conversa fiada inventada pela China para retirar a competitividade da indústria norte-americana.
Na época ele era apenas um empresário excêntrico que sonhava com a presidência (qualquer semelhança com o dono da Riachuelo ou o ex-editor da Caviar Lifestyle não é mera coincidência).
Muitos leram a declaração de Trump, deram de ombros e resmungaram com algum enfado: quem acredita nisso, acredita em tudo.