O grupo político do ex-deputado e atualmente conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado no Rio de Janeiro), Domingos Brazão, continua com forte influência no estado em meio às investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. Ele é citado na apuração sobre o caso desde 2018 e foi apontado como um dos mandantes do atentado pelo atirador Ronnie Lessa.
A família Brazão tem indicados na Prefeitura do Rio de Janeiro e no governo estadual, representantes na Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa, Câmara Municipal da capital e de São João de Meriti. Para Domingos, a manutenção dessa influência mostra que aliados confiam em seu grupo político.
“Quem convive na política fluminense não dá crédito a essas suspeitas. Isso até nos conforta. Nada tem mais força do que a verdade”, diz Brazão. Ele afirma que se afastou das negociações por cargos da administração pública, mas que ainda participa de discussões do grupo político.
O deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) chegou a assumir a Secretaria Municipal de Ação Comunitária, na gestão de Eduardo Paes (PSD), em outubro do ano passado. Ele foi exonerado poucos meses depois, em fevereiro, após a menção ao nome de Domingos nas investigações.
Sua nomeação gerou briga na Câmara Municipal em dezembro do ano passado. Na ocasião, a vereadora Mônica Benício (PSOL), viúva de Marielle, afirmou que sentia “náuseas” após a indicação. O vereador Waldir Brazão, ex-chefe do gabinete do deputado estadual Manoel Brazão, irmão de Domingos, saiu em defesa do grupo político e afirmou que sua “única pauta” como parlamentar é o assassinato.
O grupo tem influência na Companhia Estadual de Habitação, que tem como diretor financeiro é Flávio Brazão, sobrinho de Domingos, e vice-presidente Guilherme Bencardino, que se apresenta como um dos representantes da família.