A Info é a Veja amanhã.
Não é uma frase de efeito. É uma realidade doída. Quer dizer: doída para os leitores da Veja.
O que aconteceu com a Info – desativar a edição regular e manter-se na internet — é o caminho inevitável para as revistas impressas.
Chega uma hora em que o custo – papel, mais gráfica, distribuição etc – supera a receita.
Isso se deve a duas coisas. A primeira é a perda de receita publicitária. Os anunciantes estão debandando das demais mídias para se ajustar à Era Digital.
Seus consumidores não lêem jornais e revistas de papel. Eles se informam em sites de notícias e redes sociais.
É virtualmente impossível encontrar algum jovem com um jornal ou uma revista. Antes símbolo de status intelectual, agora ler revistas ou jornais é sinal de atraso.
Pouco tempo atrás, a L’Oreal, um dos maiores anunciantes por muitos anos do mundo em publicações femininas, comunicou que estava deixando a mídia revista.
Não foi um caso isolado. Foi um episódio a mais numa tendência inexorável.
No exterior, casos como o da Info são muitos. A Newsweek, por décadas a segunda maior revista do mundo depois da Time, hoje existe apenas como site.
Também a Business Week, um colosso entre as publicações de negócios na era do ouro do papel, sobrevive na internet.
Não é o que as editoras de revistas gostariam, mas é a vida como ela é. A internet é disruptora. Ela não se acomoda entre outras mídias, conforme aconteceu sempre. Ela vai matando-as.
Mesmo a televisão, que se imaginava até recentemente a salvo da internet, já está sob ataque.
É a próxima vítima.
Revistas tradicionais podem sobreviver como sites, uma vez que as despesas são infinitamente menores que as habituais.
Esta é a boa notícia.
A má notícia é que a pujança que tiveram no papel não se reproduz na internet.
A experiência já demonstrou que os casos de sucesso no jornalismo digital são de nativos da internet, e não de imigrantes.
Nos Estados Unidos, o fenômeno jornalístico dos últimos anos é o Huff Post, o site de Ariana Huffington.
Nativos se movimentam com muito mais facilidade. Já surgem com custos menores, adequados ao novo meio, e têm uma vantagem competitiva adicional: todo o conhecimento relativo ao papel não vale nada na internet.
A Abril acumulou, em meio século, um extraordinário expertise em fazer revistas de papel. Como fazê-las, como conseguir publicidade, como montar uma carteira de assinantes e renová-la, como conseguir o melhor lugar numa banca etc.
Tudo isso vale nada na Era Digital.
Fora isso, há um vasto contingente de internautas que não acreditam nos bons propósitos do jornalismo das grandes empresas de mídia, seja em que plataforma for.
À medida que o jornalismo digital vai-se tornando dominante, as revistas de papel vão enfrentar uma escolha complicada.
Uma saída é simplesmente fechar. A Abril fez isso com vários títulos. A outra é sobreviver na internet, mas em bases inteiramente diversas.
No longo prazo, é difícil imaginar que qualquer uma das grandes companhias jornalísticas brasileiras – Globo incluída – seja parecida com o que foram até recentemente.
A melhor imagem é a das carroças quando surgiram os carros. Passado algum tempo, não sobrou nenhum fabricante de carroça.
Eu disse longo prazo. Mas longo prazo, na era da internet, costuma ser muito mais rápido do que o habitual.