No parecer canalha da PF de Sergio Moro sobre o pedido de Lula para ir ao enterro do irmão Vavá, a corporação afirma que fez uma “análise de risco”.
Ali estava considerados elementos como “fuga ou resgate”, “atentado contra a vida do ex-presidente Lula”, “comprometimento da ordem pública” etc.
Alegou-se que não havia efetivo para garantir que nada disso acontecesse.
Na manifestação do Ministério Público Federal, os procuradores enfim admitiram que Lula “não é um preso comum”.
“A logística para realizar a sua escolta depende de um tempo prévio de preparação e planejamento”, afirmaram.
O superintendente da Polícia Federal do Paraná, Luciano Flores de Lima, alegou que “os helicópteros que não estão em manutenção estão sendo utilizados para apoio aos resgates das vítimas de Brumadinho”.
A juíza Carolina Lebbos considerou que o texto da lei “exprime noção de possibilidade” ao afirmar que os presos “poderão” ser liberados.
O jurista Luís Carlos Valois explicou, didaticamente, que isso “é relativo aos requisitos que são relacionados depois, mas preenchidos esses requisitos, a saída é um direito”.
“As interpretações, ainda é bom que se diga, devem ser sempre a favor do direito e não do Estado”, diz.
Para buscar Battisti na Bolívia e pagar aquele mico milionário, a PF tem “logística”.
Absolutamente nenhuma dessas justificativas para em pé.
É cinismo e má fé cristalizados de maneira que ninguém mais pode duvidar da perseguição. Como somos um país de cínicos acostumados a normalizar o absurdo, vamos em frente.
O medo de Lula é o medo da democracia.
Eles têm que manter o troféu na cana porque ali sabem o que fazer com ele. Lula no meio do povo é o pesadelo moral dessa gente.
É útil verificar a repercussão pífia da mídia diante desse escândalo de arbítrio. Nada nas manchetes, nenhum colunista indignado, nenhum Merval Pereira ou Gerson Camarotti com gases na TV.
A tragédia de Brumadinho fornece o álibi para a timidez em expor uma farsa da qual a imprensa é co-protagonista.
Um preso foi impedido de enterrar o irmão, algo garantido legalmente, porque seu nome é Lula.
A Justiça impediu sua presença no velório em que a Justiça foi enterrada.