O primeiro ministro britânico David Cameron deu uma aula de classe na derrota para Aécio Neves.
Cameron chamou o plebiscito para decidir sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia. Bateu-se pelo sim, que parecia uma barbada até poucas horas antes da votação. Mas deu o não.
Cameron reconheceu prontamente a derrota e anunciou sua renúncia. Com elegância, com hombridade, com honestidade, todos aqueles atributos, enfim, que faltaram a Aécio depois de ser batido por Dilma.
E note a diferença. A carreira política simplesmente acabou. Ele deixa em breve a Downing Street, sede do governo britânico, para qualquer outra atividade que não a vida política. É praxe na Inglaterra, ao contrário do Brasil, onde os políticos em geral só deixam a carreira num caixão.
Aécio não. Mesmo batido, ele seria um forte candidato nas eleições de 2018, credenciado por quase 50 milhões de votos.
Mas, se Cameron foi um lorde, Aécio foi um menino mimado, um playboy irresponsável, um perdedor desprezível, um homem indigno.
Tão logo batido, inventou pretexto após pretexto para tentar ganhar por outros meios o que os votos não lhe deram.
Conseguiu o que desejava, mas ao preço terrível da autodestruição. Aécio é hoje um dos maiores símbolos da corrupção, ao lado de figuras como Eduardo Cunha.
Foi citado em numerosas delações por conta de esquemas que invariavelmente estiveram longe dos olhos do público, pela blindagem que sempre teve na mídia e na polícia.
“Todo mundo conhece o esquema do Aécio” é uma frase que poderia servir de epitáfio para ele. Foi pronunciada por um delator e viralizou nas redes sociais, para infâmia eterna de Aécio.
Aécio é a pior espécie de corrupto: aquele que na sombra rouba e à luz do sol faz discursos moralistas. Neste sentido, é ainda pior que Cunha.
Quis tudo, sem ter os votos para isso. Acabou sem nada, com a reputação devastada pelas múltiplas acusações de corrupção.
É um morto vivo.
Cameron se despede de fronte erguida. Soube perder, e agora parte para o resto de sua vida deixando a seus conterrâneos um exemplo de conduta na adversidade política. Aécio está condenado a olhar para baixo, imerso em vergonha, pelo restante dos seus dias.