Por Moisés Mendes
O vídeo em que Flavio Bolsonaro tenta explicar a compra da mansão de R$ 6 milhões tem mais um detalhe revelador do que os militares significam para a família. Flavio deixa clara a condição de subalternidade.
Em tom de advertência a quem poderia tentar chegar perto da casa, ele avisa que acionou a segurança institucional do governo.
E explica que tem direito a essa proteção, como membro da família no poder. É o recado final do vídeo. Não cheguem perto, porque a casa está protegida por gente a mando do general Augusto Heleno.
É uma mensagem sobre a confiança institucional da família nos militares. Flavio não disse que os seguranças cuidariam da casa e que poderiam afugentar quem se aproximasse.
Ele disse que, com a autoridade que tem, comunicou o Gabinete de Segurança Institucional para que intensifique a proteção “aqui do entorno da minha residência”.
A referência ao GSI mostra a força do carteiraço. Os jornais andaram dizendo que os militares ficaram incomodados com a petulância do sujeito, que comprou uma casa em meio às decisões controversas do STJ sobre as provas das denúncias de desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
No vídeo, Flavio responde dizendo: os generais estão ao nosso lado, cuidam da nossa segurança e colocarão a correr quem se aproximar de um Bolsonaro. Eles são fiéis servidores dos Bolsonaros.
O GSI comandado por general Augusto Heleno já havia sido convocado por Flavio para tentar, em outubro, resolver as questões dos dados repassados pela Receita ao Ministério Público do Rio.
Se falasse genericamente em segurança, Flavio não teria a moldura para o alerta aos que pensam em se aproximar da casa. Era preciso falar do GSI.
Flavio quis enfatizar: essa família é protegida pelos militares com uma estrutura que talvez tenha sido dispensada somente aos generais na ditadura.
Qual seria a ameaça real à mansão de R$ 6 milhões? Alguém poderia tentar invadir a casa? Parece improvável. Não há nada a indicar que a ameaça exista.
Flavio Bolsonaro só quis envolver ainda mais os generais nas questões familiares. Nós, a família, temos segurança institucional, mas não uma segurança qualquer, temos a segurança de Augusto Heleno.
Imagina-se que alguns militares possam estar envergonhados com a ousadia do cara enrolado em todo tipo de crime e que pede proteção reforçada à mansão de R$ 6 milhões, como se fosse um príncipe saudita.
É mais uma situação difícil para as Forças Armadas. Até porque a mansão se parece, como disse o jornalista Fernando Barros e Silva, diretor da revista Piauí, com casa de traficante da Netflix.
Com uma diferença que não é irrelevante. As mansões dos traficantes da Netflix não têm segurança institucional garantida por generais.