Lena Dunham é a criadora e estrela de Girls, sucesso de audiência e crítica nos Estados Unidos.
“Posso ser a voz de uma geração. Ou, pelo menos, uma voz”.
A frase é de Hannah Horvath, personagem principal da série Girls, mas poderia muito bem ser dirigida a Lena Dunham – autora, roteirista, diretora e estrela do seriado da HBO.
Aos 26 anos, Dunham já é considerada um dos maiores talentos na indústria cinematográfica e televisiva nos Estados Unidos. Suas produções absolutamente autobiográficas, aliadas a um bom senso de humor, tem causado comparações a Woody Allen.
Nascida e criada em NY, Lena é filha de uma fotografa e um pintor de popart – receita perfeita para se tornar a hipster que é. Foi a partir do envolvimento de sua mãe na indústria cinematográfica que ela decidiu se aventurar nesse mundo, e passou a estudar Roteiro no Oberlin College, onde produziu seus primeiros curtas.
Mesmo na faculdade, a aspirante a roteirista e diretora já mostrava que não precisava sair muito de sua realidade para criar seus projetos. Seus curtas sempre mostravam jovens mulheres falando sobre sexo, relacionamentos e carreira – mas tudo de uma forma bem realista e tangível.
“Acredito que sua escrita será muito melhor se você tentar se o mais honesto e verdadeiro possível, ao invés de imaginar o que o público vai gostar ou não”, disse ela numa entrevista à revista Variety.
Depois de formada, Dunham voltou a morar com os pais – algo muito raro nos EUA – e escreveu um roteiro sobre essa experiência de tentar encontrar seu lugar no mundo e a relação com a família – a família Dunham, inclusive, faz parte do elenco.
O roteiro gerou seu primeiro longa, Tiny Furniture, de baixíssimo custo, que acabou rendendo a ela o prêmio de Melhor Roteiro no Independent Spirit Awards, uma importantíssima premiação do cinema independente americano. E, com o sucesso, Lena passou a ser notada por nomes importantes na indústria – entre eles, Judd Apatow, que assim que viu seu primeiro longa a convidou para trabalharem juntos.
“Além de gostar muito do humor dela, acho que seus personagens são importantes não só para as mulheres, mas para os homens entenderem o universo feminino de uma forma realista”, disse Apatow, que produziu e apresentou Girls à HBO.
Girls, mais uma vez extremamente autobiográfico, apresenta Hannah, uma aspirante a escritora que recebe a notícia de seus pais que, agora que ela já se formou na faculdade, não iram bancar suas despesas, e ela terá que se virar sozinha.
A partir disso vemos Hannah e suas amigas tentando lidar com a vida no Brooklyn, investindo em sua carreira e relacionamentos, ao mesmo tempo que tentam pagar suas contas – tudo isso mostrado de uma forma bem honesta e real.
“Percebi que existiam séries como Sex and the City, que mostravam mulheres já estabelecidas profissionalmente e cuidando de suas vidas pessoais e Gossip Girl, com patricinhas de Manhattan. Havia então um vácuo que nunca havia sido explorado, e foi isso que tentei fazer com Girls”, disse ela.
Na verdade, Girls, devido ao seu realismo, é o contrário do que se espera do conto de fadas de Sex and the City e Gossip Girl. Seus personagens se preocupam com problemas muito mais profundos e existenciais, e as relações são vistas de uma forma crua e engraçada. As próprias estrelas de Girls fogem dos padrões de beleza das atrizes dos outros dois seriados – Lena Dunham chegou a declarar que seu corpo não deveria ser a maior de suas preocupações.
Rompendo padrões, Girls rendeu 5 indicações ao Emmy e dois prêmios no Globo de Ouro: Melhor Série de Comédia e Melhor Atuação para Lena Dunham. Sua segunda temporada já é transmitida atualmente pelo canal pago e uma terceira já foi encomendada.
Agora, Dunham espera poder escrever projetos paralelos, enquanto desenvolve uma nova série para a HBO – recentemente, seu primeiro livro, também baseado em suas experiências no universo feminino, foi vendido para a editora Random House por US$ 3,5 milhões.
Com todo esse sucesso e seus futuros projetos, tudo leva a crer que Lena estava certa quando escreveu aquela fala no primeiro episódio de Girls. Ela tem tudo para ser, pelo menos, uma voz de uma geração.