Publicado originalmente no Facebook do autor
POR LINO BOCCHINI
A maioria de vocês já deve ter visto uma conta de Twitter chamada Falha de S. Paulo, que imita a Folha de S.Paulo. Ela não tem ligação alguma comigo ou com meu irmão, Mario Ito, que criamos, há praticamente uma década, a Falha original, fomos censurados e processados pela família Frias e estamos em em uma batalha na Justiça até hoje – no momento o caso encontra-se no STF.
As diferenças são muitas. A nossa Falha durou apenas um mês antes de ser censurada pela Folha. Era um blog de paródia e crítica. Seu conteúdo tinha muitas fotomontagens, como a de “Otavinho Vader”, que mesclava o corpo do vilão Darth Vader com o rosto do então Publisher do jornal, Otavio Frias Filho. Sua linha editorial era progressista e buscava derrubar o discurso falso do jornal, que se diz apartidário, imparcial (nenhum veículo no mundo é, isto é impossível).
A Falha atual, por sua vez, busca muitas vezes claramente confundir-se com o jornal, conseguindo assim ser retuitada por muita gente desavisada, entre elas personalidades.
Não posso afirmar ainda que a nova Falha é uma das contas de apoio mantidas ou orientadas pela equipe de Bolsonaro no Twitter, como são as contas “Isentões”, “Joaquim Teixeira” e tanta outras.
O que podemos dizer, com certeza, é que a nossa produção era impossível de ser confundida com o conteúdo original da Folha. Nunca fizemos nada com esse propósito, e o próprio STJ já decidiu nesse sentido, a nosso favor. Tanto que ninguém se confundia, era uma realidade totalmente diferentemente da Falha atual, que se esforça em fomentar a confusão e, desta forma, alcançou sua fama.
Outra diferença vital: a cruzada de Bolsonaro contra a imprensa não parece em nada com a crítica progressista que eu e meu irmão fazíamos ao jornal. Nem com nossas convicções pessoais. Bolsonaro e seus apoiadores atacam o jornalismo. São contra a existência da crítica e da própria imprensa.
Bebem da fonte de Olavo de Carvalho, que prega que os jornalistas são “os maiores inimigos do povo”. Seus ministros abandonam entrevistas coletivas no meio e destratam repórteres. Sou jornalista, não posso compactuar com isso. Qualquer um que tenha visto a Falha original no ar sabe que ela jamais seria munição para gente que pensa desta forma.
Já derrotamos de goleada a sede por censura dos falsos democratas da família Frias no STJ. Inconformados, agora o clã e seus asseclas recorrem ao Supremo. Com o surgimento dessa nova Falha com, digamos, outro DNA e sendo apropriada pelo novo governo, mesmo que ganhemos o processo nesta última instância, não há a menor possibilidade de reativarmos a marca.
Acabam de matar a Falha de S. Paulo.