O primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciou sua renúncia nesta quinta-feira (7), depois que mais de 50 membros de seu governo renunciaram em protesto contra uma série de escândalos éticos. Ele deve permanecer no cargo até a escolha de um sucessor.
A morte política em câmera lenta de Johnson começou na terça-feira (5), quando seu ministro das Finanças, Rishi Sunak, e o ministro da Saúde, Sajid Javid, renunciaram em um intervalo de poucos minutos.
“O público espera com razão que o governo seja conduzido de forma adequada, competente e séria”, disse Sunak em sua carta de demissão. 48 horas depois, foram embora mais de 50 outros integrantes do governo – um número sem precedentes.
O gatilho imediato para a crise foi um escândalo de assédio sexual. Chris Pincher, um membro sênior do governo de Johnson, foi forçado a renunciar em 1º de julho após alegações de que havia apalpado dois homens em uma noite de bebedeira em uma balada. Sua renúncia foi seguida por relatos na imprensa de várias outras alegações de assédio contra ele.
O porta-voz de Johnson disse inicialmente que o primeiro-ministro não estava ciente das alegações feitas sobre Pincher no momento em que foi indicado para o governo em 2019. Mas o premiê foi forçado a voltar atrás após surgir que ele havia sido informado sobre uma alegação específica antes da nomeação.
Mas esse foi apenas o mais recente de uma série de escândalos envolvendo o líder inglês. No final de 2021 e no início de 2022, descobriu-se que ele e seus colegas haviam participado de várias festas em sua residência oficial, a 10 Downing Street, quando o país estava sob estritos bloqueios devido à pandemia da Covid-19.
Foi descoberto que Johnson infringiu a lei – a primeira vez para um primeiro-ministro em exercício. Ele foi multado pela polícia por comparecer a uma das festas. Mais tarde, se desculpou com a rainha por outra confraternização realizada na véspera do funeral de seu marido.
Outro episódio que enfraqueceu o premiê aconteceu quando um parlamentar conservador foi forçado a renunciar após admitir ter assistido pornografia no parlamento. Outro foi considerado culpado de abusar sexualmente de um adolescente.
Nas eleições locais realizadas para substituí-los, os candidatos da oposição venceram por larga margem, levando um número crescente de colegas de Johnson a perguntar se ele estava levando seu partido à derrota na próxima eleição. Ele sobreviveu por pouco a um voto de desconfiança em junho – com mais de 40% de seus próprios legisladores votando contra ele.
De acordo com as regras do partido, a vitória de Johnson nessa votação deveria mantê-lo seguro no cargo por 12 meses. Mas a onda de renúncias continuou chegando, até o ponto em que não havia o número suficiente de legisladores dispostos a preencher cargos vagos no governo.