No Brasil, pseudocelebridade querendo aparecer é tão comum quanto bandido de colarinho branco: é mato, brota em qualquer lugar.
Dessa vez foi Biah Rodrigues – a essa altura certamente muito feliz por estar nas manchetes – que resolveu criticar – pasmem – Rihanna.
Biah é esposa de Sorocaba, da dupla Fernando e Sorocaba, e só. Sua função principal é a de esposa – e não há nenhum problema nisso, desde que você não tente convencer todas as outras mulheres a fazerem o mesmo.
Ela criticou a capa da Vogue em que Rihanna e Meghan Markle aparecem na frente de seus maridos, e não atrás deles, como o conservadorismo patriarcal sempre quis.
Quer dizer: não basta ser ridícula e assumidamente submissa, é preciso criticar as mulheres que não o são.
Não satisfeita, Biah também criticou looks de Gkay e Harry Styles ao falar sobre conceito de moda.
Eis as perguntas que ficam: quem é Biah Rodrigues? De onde saiu? Do que se alimenta? O que a faz pensar que ela pode, como reles mortal, criticar a Rihanna?
E o micão não acabou por aí.
Questionada por uma seguidora se é submissa ao marido, ela disparou: “Sim. Submissão significa respeitar a autoridade e os desejos dos outros. Mas a submissão nem sempre significa obediência. Meu marido é autoridade no meu lar. Ele é sacerdote, ele cuida e protege a nossa família. Sim, sou submissa ao meu marido, pois o respeito e honro.”
Essas palavras parecem ter saído diretamente da boca de um pastor de igreja quadrangular. E o pior é dizer, implicitamente, que a mulher que não aceita ser submissa ao homem não o respeita e honra.
Minha querida, o primeiro respeito que você deveria ter é consigo mesma: primeiro deixando de viver na sombra de um homem, e depois tomando um pouquinho de vergonha na cara antes de criticar Rihanna.
O discurso de submissão das mulheres aos maridos, embora muito antigo, foi reafirmado e fortalecido durante os anos do governo Bolsonaro e com o franco crescimento do número de evangélicos na política.
Essa ideia esdrúxula é tão marcante a ponto de as mulheres não apenas desejarem ser submissas, mas desejarem também que todas as outras o sejam.
Gente como Biah Rodrigues, infelizmente, nunca sentirá o gosto da liberdade porque estará ocupada fazendo o jantar do marido e lavando suas meias sujas. Uma lástima, é verdade – e como elas, ainda há muitas.
Ainda bem que temos Rihannas pra nos abrirem os olhos. O conservadorismo patriarcal ainda terá muito pelo que chorar.