Wallis Simpson fez um rei abdicar por dar a ele uma virilidade que jamais tivera.
Wallis Simpson consegue roubar as atenções mesmo num filme em que é uma personagem tão secundária que você a vê uma ou duas vezes, como é o caso de O Discurso do Rei (The King’s Speech).
Antes de mais nada. Veja, se não viu. É uma lição de história contemporânea que instrui e entretém. A saga do rei gago e imprevisto, Jorge VI, é única. Sua relação com um especialista em locução que, com técnicas bizarras, o ajuda a vencer a gagueira prende e fascina. Colin Firth como Jorge VI está bem, embora sua presença seja muitas vezes opressiva por causa da dificuldade em falar. Geoffrey Rush como seu instrutor está soberbo.
O pano de fundo é a Europa pré-guerra dos anos 30. A Inglaterra está inquieta por causa dos movimentos bélicos agressivos da Alemanha de Hitler. Se não bastasse a ameaça nazista, internamente os ingleses enfrentam um rei novo, Eduardo VIII, muito mais disposto a festejar do que a trabalhar.
As festas intermináveis de Eduardo estão associadas a Wallis Simpson. É ela a mulher por quem Eduardo abdica. “A mulher que amo”, como ele diria em seu célebre discurso de renúncia em favor do irmão mais novo e gago.
Ela era casada quando eles começaram a ter um caso. O governo inglês estava incomodado com o romance. Wallis tivera um caso com o embaixador alemão, Ribentropp. Estaria ela usando Eduardo para ter acesso a informações confidenciais inglesas? Seria uma espiã? O casal, e isso só trouxe mais paranóia, visitou a Alemanha a convite de Hitler pouco antes da guerra.
Que Wallis se dava bem com nazistas é fato.
Ribentropp, enquanto esteve na Inglaterra, mandava todos os dias 17 cravos para Wallis. Estudiosos sustentam a tese de que 17 se referia ao número de vezes em que estiveram na cama.
Wallis era uma festa.
Uma contemporânea disse que, de uma temporada na Ásia, Wallis aprendeu apenas uma frase: “Garçom, me passe a champanhe”. Um homem disse que ela sabia conversar como ninguém. Fazia cada homem se sentir, definitivamente, especial.
Eduardo teria que escolher entre ela e o reino.
Tudo bem que ser rei já não era fazia tempo o que fora nos dias de Henrique VIII e outros, mas ainda assim era uma posição extraordinária.
Ele escolheu a mulher, sem a qual, como afirmou, “não poderia enfrentar as pesadas responsabilidades” que lhe cabiam como rei.
Por quê?
Documentos sugerem que pelo motivo mais simples. Ele teria encontrado nela, sexualmente, o que jamais tivera antes. Relacionamentos anteriores teriam sido frustrantes para ele, do ponto de vista do sexo. Ele jamais teria ficado satisfeito. Uma hipótese é que, antes de Wallis, ele fosse impotente. Ou frustrado.
Wallis teria dito isso a pessoas de seu círculo, segundo um papel do FBI. Numa visita do casal aos Estados Unidos durante a guerra, o presidente Roosevelt, preocupado com os laços de Wallis com os alemães, mandou investigá-la. A informação da impotência veio dessa investigação. “Wallis, em seu único e inimitável estilo, foi a única mulher que satisfez sexualmente Eduardo e lhe permitiu realizar seus desejos”, disse uma fonte ouvida pelo FBI.
A potência vale mais que um reino. Todo homem sabe disso. O milionário impotente inveja o mendigo potente.
Eduardo fez a escolha óbvia.
Wallis Simpson, a mulher do ano de 1936 segundo a Time, uma sedutora de cabelos negros partidos ao meio, sabia como agradar um homem.
Por isso foi quem foi.