Os novos diálogos revelados pela Veja do escândalo da Lava Jato atiram de vez a operação no terreno do pastelão trágico, categoria em que o Brasil é especialista:
As conversas entre membros do Ministério Público Federal assumem várias vezes o tom de arquibancada, com os membros da força-tarefa vibrando e torcendo a cada lance da batalha contra os inimigos.
Em 13 de julho de 2015, Dallagnol sai exultante de um encontro com o ministro Edson Fachin e comenta com os colegas de MPF: “Caros, conversei 45 m com o Fachin. Aha uhu o Fachin é nosso”.
A preocupação da força-tarefa com a comunicação para a opinião pública era constante. Em 7 de maio de 2016, Moro comenta com Dallagnol que havia sido procurado pelo apresentador Fausto Silva.
Segundo o relato do juiz, o apresentador o cumprimentou pelo trabalho na Lava-Jato, mas deu um conselho: “Ele disse que vcs nas entrevistas ou nas coletivas precisam usar uma linguagem mais simples.
Para todo mundo entender. Para o povão. Disse que transmitiria o recado. Conselho de quem está a (sic) 28/anos na TV. Pensem nisso”. Procurado por VEJA, Fausto Silva confirmou o encontro e o teor da conversa entre ele e Moro.
Difícil saber o que é mais patético:
O animador de auditório boçal que oferece dicas para o juiz?
O juiz deslumbrado que atende um animador de auditório boçal?
O mesmo juiz deslumbrado que ainda repassa as dicas para o procurador?
Ou o juiz que escreve que um cidadão está “a” 28 anos na TV?
Todas as alternativas, claro.
O mais importante é o seguinte: Faustão confirma o que Moro nega. Aí complicou, meu.