Quer dizer: o maior problema do Brasil é a humilhante desigualdade social, o contraste intolerável entre os extremos de opulência e de miséria.
E neste cenário desanimador um Congresso eleito pela plutocracia e bombardeado de acusações de corrupção acaba de dar uma contribuição milionária para que se amplie ainda mais a desigualdade com a infame PEC da Morte.
Os pobres serão prejudicados e os ricos favorecidos: numa palavra, esta a lógica sinistra da PEC.
Como este pesadelo pôde acontecer? Eis uma questão que caberá à posteridade responder, ou ao menos tentar.
Pouco mais de dois anos atrás, 54 milhões de brasileiros escolheram o caminho oposto ao da PEC da Morte.
E deu no que deu.
Repare que é um programa que nem Aécio em sua campanha defendeu. Ele jamais falou em controlar o salário mínino ou cortar programas sociais.
Um pacote da natureza da PAC da Morte exigiria a legitimação das urnas. O que temos, em vez disso, é a ação ardilosa e subterrânia de um Congresso cujo caráter está demonstrado na primeira delação da Odebrecht.
É muita pretensão da plutocracia imaginar que este assalto às políticas públicas vai ser engolido pacificamente pelos brasileiros.
Há uma convulsão social à vista. Chegar a 2018 sob estas condições degradantes é simplesmente impossível.
Não haverá paz enquanto as coisas estiverem como estão.
O primeiro passo para a pacificação todos sabemos: saída de Temer e diretas já.
Sem isso, é o caos — e ninguém poderá depois alegar que não podia imaginar o que viria.