Publicado originalmente no Facebook do autor
POR HERMES C. FERNANDES
A propósito da polêmica em torno da encenação da Gaviões da Fiel, quero salientar que, de fato, Jesus foi derrotado.
Permita-me expor as razões que me levam a considerar isso.
Primeiro, assim como a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria humana, e a fraqueza divina é mais forte que a força humana, o fracasso de Deus é mais vitorioso que a vitória dos homens.
Mas o que para os olhos humanos pareceu um vergonhoso fracasso, aos olhos de Deus foi Sua grande e retumbante vitória. Deus se deixou vencer, não pelo diabo em si, mas pelo “diabo” humano.
Deus se rendeu! Não usou de seus atributos para virar o jogo. Não trapaceou. Séculos antes, ele já havia dado spoiler ao deixar-se vencer por Jacó. O patriarca só passou a se chamar Israel por haver vencido ninguém menos que o Deus de seu pai Abraão.
A Cruz foi o maior dos fracassos! Por isso Paulo se refere à sua repercussão como “o escândalo da Cruz”. Ele poderia ter feito descer fogo do céu e acabar com seus algozes, mas não o fez.
Ele poderia ter rogado ao Pai que se vingasse dos seus inimigos, mas em vez disso, rogou que os perdoasse. Mas aquela derrota foi sua maior vitória.
Não, amigos. A ressurreição não foi a virada do jogo. A ressurreição foi a declaração divina de que Deus, ao se deixar ser vencido pela maldade humana sem reagir à altura, ele estabeleceu a vitória do seu amor. O amor venceu!
E no fim de tudo, ele seguirá prevalecendo. Deus jamais entrou na pilha do diabo. Jamais entrou em queda de braço com quem quer que seja. Jamais se importou de mostrar quem é mais poderoso.
Ele simplesmente ama. Só o amor é onipotente. E sua onipotência reside justamente na sua fragilidade e fraqueza. O amor pode tudo exatamente por não impor nada.