A receita de Marina para ganhar os holofotes da imprensa. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 8 de janeiro de 2016 às 8:58
Boba ela não é: Marina
Boba ela não é: Marina

Fui ao Twitter ver o que se estava falando de duas mulheres que foram notícia estes dias: Lu Alckmin e Marina Silva.

A primeira pela orgia aérea, os copiosos voos em aeronaves patrocinadas pelo contribuinte paulista. A segunda pelas declarações golpistas.

Batata.

Nada de novo sobre a senhora Alckmin. O tuíte destacado era um artigo meu de dois dias atrás. Globo, Veja, Estadão, a própria Folha que deu a nota: nada.

Um abuso de tal magnitude dos recursos públicos não é notícia para a imprensa.

Marina, em compensação, estava, e está, em todos os lugares. Parecia uma estrela de rock.

Isso mostra duas coisas.

Um: notícia, na versão peculiar da imprensa brasileira destes tempos, é tudo que seja negativo para o PT.

Dois: Marina pode ser golpista, confusa, prolixa e assaltada por um crônico autovitimismo. Mas tonta não é.

Ela sabe que a fórmula infalível para conseguir os holofotes de jornais e revistas, hoje, é defender o golpe.

Você vai aparecer na primeira página dos jornais, terá destaque nas revistas, falará a rádios e emissoras de tevê.

É a palavra mágica. Duas meras sílabas: golpe.

Veja o que aconteceu com Joaquim Barbosa. Enquanto ele disse tudo que os barões da mídia queriam que ele dissesse, teve tratamento de rei.

Bastou sair um pouco do roteiro e passou a ser ignorado como um frentista do interior. Em sua conta no Twitter ele defendeu vigorosamente, por exemplo, o fim do financiamento por empresas de campanhas eleitorais.

Atacou, também, a oposição por sustentar Eduardo Cunha, o rei dos corruptos. No início de outubro de 2015, ele escreveu no Twitter: “Contra o presidente de uma das casas do Congresso há acusações de crimes graves, mas ele é apoiadíssimo pelo PSDB!”

Note duas coisas na eloquência tosca, mas sincera, de JB: uma é o superlativo apoiadíssimo. Eduardo Cunha, sublinhou, era mais que apoiado por FHC, Aécio e sequazes. Era apoiadíssimo.  A outra é a exclamação.

Bem, tente achar JB em jornais e revistas. Se ele quiser voltar a ser notícia, vai ter que dizer, como antes, o que Marinhos, Frias et caterva desejam que ele diga.

É uma troca que funciona assim: eu dou a você notoriedade, e com ela você pode ganhar dinheiro com palestras, livros, o que for. E você me dá opiniões que me ajudem a destruir meu inimigo.

Quem se estrepa com isso é a sociedade.

Marina falou em cassação pelo TSE. Em minha busca no Twitter, a primeira menção era da Veja.

Até o site ultrarreacionário Antagonista, de Diogo Mainardi, noticiou o rompante golpista de Marina. (Quem for ao Twitter de Eduardo Cunha vai reparar que ele retuíta com frequência o Antagonista. Cunha e Mainardi: tudo a ver.)

De novo: Marina pode ser tudo, mas tonta não é, ainda que muitas vezes pareça.