A relação entre ativismo de extrema direita na Internet e psicopatia, segundo um novo estudo

Atualizado em 10 de dezembro de 2014 às 15:53
Marcello Reis, do Revoltados Online
Marcello Reis, do Revoltados Online

 

Numa entrevista à Deutsche Welle, o diretor do Programa de Estudos Brasileiros da Universidade de Oxford, Timothy Power, chama a atenção para os arrulhos direitistas na Internet.

“Os manifestantes que pedem o impeachment de Dilma se aproveitam da atenção midiática no período de ressaca pós-eleições”, afirma. “Hoje, a direita acha que uma conta no Twitter vale mais do que uma CUT, por exemplo, mas não é exatamente assim”.

O que se viu na Paulista nas últimas semanas é um exemplo claro dessa tendência. As dezenas de manifestantes não fazem jus ao barulho virtual. Grupos como Revoltados Online, Movimento Brasil Livre e outros dão visibilidade a reacionários de todo o território nacional e ocupam espaço como pernilongos, mas quando se chega à vida real o que se vê são os gatos pingados arruaceiros de sempre.

Por que eles são tão histéricos? Por que essa vocação para a trolagem? A ciência explica.

Um estudo da revista americana Neuroethics afirma que as opiniões socialmente conservadoras têm entre 5 a 30 vezes mais chances de ser relacionadas a três transtornos de personalidade: maquiavelismo, narcisismo e psicopatia (ausência de culpa ou remorso), a chamada “tríade sombria”.

O levantamento da Universidade de Tampa, na Flórida, examinou 1200 pessoas, que se submeteram a um teste e a uma pesquisa sobre seu comportamento na rede. Os pesquisadores procuravam por uma ligação entre a tal tríade e gente que era a favor da pena de morte, contra o casamento gay, pelos mercados livres, a favor da tortura etc. Encontraram.

Veja o caso de Marcello Reis, por exemplo, do Revoltados Online. Ou do professor Alexandre Seltz, que levou um disparo de arma de taser na bagunça no Congresso e passou a se autodenominar “Choquinho”. Ou de Matheus Sathler, candidato a deputado estadual pelo PSDB do DF, que chamou homossexuais de pedófilos. Ou mesmo daquele velho cantor barbado, o Gandalf.

Todos eles são trolls que gastam seu tempo espalhando um ódio patológico em suas contas nas redes, repercutindo a si mesmos. Como diz o relatório, numa “manifestação de sadismo cotidiano”. O resultado? Vergonha alheia. Mas com o zumbido de uma furadeira.