A sabatina de Cristiano Zanin no Senado é seu triunfo e o enterro de sua nêmesis, o ex-juiz Sergio Moro.
Zanin é a glória do homem comum, da discrição, da competência sobre a pavonice de seu inimigo — e de muitos dos pares de Zanin, evidentemente.
No discurso sóbrio de abertura da sessão na CCJ, Zanin louvou a vida dura de imigrantes de seus bisavós italianos e lembrou de seu pai. A patroa foi homenageada com uma menção aos vinte anos de casamento, sem dúvida uma demonstração de resistência.
Interlocutores do senador Moro (União-PR) afirmam que ele não deve partir para o embate com Zanin. O próprio avisou que não é “barraqueiro”, sabe Deus o que isso significa.
O melhor momento na carreira dos dois foi durante a Lava Jato. Zanin adotou a estratégia corajosa de denunciar, o tempo todo, o juízo. Low profile, nunca se dobrou ao estilo autoritário de Moro ou à sua fama. O sujeito era capa toda semana da Veja e tinha toda a mídia e o assim chamado sistema a seu favor.
Zanin enfrentou uma hidra de sete cabeças e todo o aparato que o monstro levava consigo. Foi ao exterior e cravou o termo lawfare nos corações e mentes de quem assistia aquela luta.
Zanin agora Na Sabatina do senado:
Não mudarei de lado: o lado da democracia, já o outro lado é o da barbárie.
Dando Aula de direito constitucional a Sérgio Moro. pic.twitter.com/wlbPh68nZJ
— Gianna Tenório (@Apareci98591241) June 21, 2023
Hoje ele se prepara para ocupar uma cadeira no Supremo que seu adversário cobiçava. Dick Vigarista do judiciário, Moro fez todo tipo de tramoia para emplacar esse prêmio. Foi tirado do jogo pelo delinquente Bolsonaro, que ajudou a eleger ao eliminar Lula do páreo em 2018.
O reencontro dos dois é um épico por tudo o que encapsula de moral e ética. Quarenta e um senadores já declararam voto em Zanin, suficientes para a aprovação. Ele nem precisa de Moro, hoje um farrapo daquele super-herói, com chances enormes de ser cassado nos próximos anos.
Mas nada pode ser mais simbólico do que é a justiça do que esse embate.