O ministro-chefe da Secom, Paulo Pimenta, diretamente da Argentina, onde está na comitiva do presidente Lula que iniciará neste domingo (22) uma visita oficial ao país, concedeu entrevista exclusiva ao DCMTV aos jornalistas Leandro Fortes e Kiko Nogueira.
O ministro comentou que tratou do tema das fake news no Parlamento Europeu, em Bruxelas, e que os debates lá sobre os mecanismos de regulação são assuntos da ordem do dia. Relembrou ainda que mesmo Barack Obama arrepende-se de não ter enfrentado em seu mandato a questão da regulação das plataformas.
Ainda sobre a disseminação de mentiras, Pimenta disse tratar-se de um “fenômeno instrumentalizado pelos setores conservadores”. Exemplificou mencionando que já detectou situações envolvendo o Consórcio Nordeste, na qual a fake news é idêntica em todos os estados, só mudando o personagem principal.
Pimenta falou sobre a realidade brasileira no campo das comunicações e citou visita que fez à Rádio Nacional da Amazônia, que “chega onde não chega a internet”.
“O governo precisa ser uma fonte confiável”, disse, ao falar sobre a necessidade de resgatar-se a credibilidade dos órgãos de comunicação do Governo Federal, que foram infectadas pela ideologia bolsonarista. “O sistema de comunicação do governo passou a ser linha auxiliar do negacionismo”.
O titular da pasta das Comunicações abordou sobre a janela de oportunidades existente na produção de conteúdo infantil, setor abandonado pelas redes de TV aberta depois da proibição de propagandas voltadas a esse público.
Questionado sobre a polêmica protagonizada pela Folha de S.Paulo, que publicou uma fotomontagem que simulava um tiro direcionado ao presidente Lula em sua capa nesta semana, Pimenta declarou entender que neste momento aquela imagem “poderia estimular uma situação de violência”.
Questionar uma matéria jornalística é normal, afirma. “O governo é protagonista, tem que ser ouvido”, diz. Foi enfático ao garantir que este governo “garante o pleno exercício da liberdade absoluta de imprensa”, anunciando inclusive que o próximo café da manhã com a imprensa receberá jornalistas de sites independentes.
Detalhe: o ministro fez questão de não diferenciar em suas palavras a mídia “convencional” da chamada “mídia progressista”. O parlamentar gaúcho pediu às autoridades policiais que priorizassem as investigações de crimes praticados contra profissionais de imprensa.
O ministro falou também sobre as limitações da comunicação governamental para enfrentar esse tipo de questão junto a sociedade, por ser fiscalizada pelo TCU, Ministério Público e o parlamento. “Há uma disputa na sociedade: há que se criar uma rede em defesa da sociedade. A Secom pode se manifestar sobre ações e políticas de governo, mas não pode responder tudo”.
Pimenta colocou a questão da comunicação como um problema social de grande amplitude e que não se resolve apenas com as ferramentas que seu órgão dispõe: “Há que se criar uma cultura em que as pessoas tenham vergonha de mentir”, reconhecendo que a extrema direita tem “uma rede do mal” e que é necessária a formação de uma estrutura similar em defesa da democracia.
“A SeCom não pode participar de briga de rua”, finalizou, deixando claro que essa é uma tarefa que pertence a todos.
Veja a íntegra da entrevista: